Cronica e arte
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MONTEIRO LOBATO
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Nascimento de Monteiro Lobato – 18 de abril de 1882
Por Aurea Laguna (Texto republicado- publicação original Facebook da autora em abril
de 2016)
Monteiro Lobato e suas personagens do Sítio do
Picapau Amarelo povoaram a nossa infância com
estórias fantasiosas sobre um lugar maravilhoso,
onde as coisas mais estranhas aconteciam com
naturalidade.
Passávamos muitas horas a nos imaginar no papel
de Emília, Pedrinho, Narizinho e demais
personagens, pertencentes ao imaginário mundial,
que visitavam o Sítio. Não entendíamos bem como
se dava a alternância do mundo real dos moradores
com o mundo da fantasia, em que Narizinho se
casava com o Príncipe Escamado e, o Pequeno
Polegar, fugindo sempre da Carochinha, vinha pedir
socorro à Dona Benta.
Como entender que Pedrinho, Emília e o Visconde, envolvidos com Hércules, sabiam de antemão
o que iria acontecer ao herói da Hélade? Achávamos impressionantes os resultados obtidos com o
pó de pirlimpimpim e as saídas para os momentos mais difíceis com a utilização do infalível faz-
de-conta da Emília.
Lobato era o nosso ídolo e, sempre que podíamos,
trocávamos impressões com amigos, não deixando de ler
avidamente todo material que nos vinha às mãos.
Tínhamos sorte em contar com pais devoradores de livros,
que não trocavam a leitura por outro lazer, fazendo nossas
inscrições nas várias bibliotecas das cidades em que
moramos.
Mas era a hora de dormir o momento mais prazeroso, pois
nossas irmãs mais velhas encarnavam Dona Benta e
simplificavam as estórias que já sabíamos de cor, mas que
queríamos ouvir novamente.
De uma pequena caixa, contendo os nomes das aventuras
em papéis dobrados, sorteávamos aquelas que seriam
contadas por elas. Na verdade, apreciávamos também As Viagens de Gulliver, Alice no País das
Maravilhas e os contos dos Irmãos Grimm e Andersen.
Qual criança da nossa geração ousaria responder aos pais e avós, abrindo a ‘torneirinha de
asneiras’, expondo seus pontos de vista, como a Emília fazia?
Com relação aos livros de Lobato, os responsáveis
pelas publicações do acervo legado por ele não
conseguiram lhe dar o destaque merecido. Como
consequência, as crianças e jovens das últimas
décadas do século XX, pouco acesso tiveram às suas
obras, escassas nas bibliotecas públicas e escolares.
Não cabe aqui discutirmos as questões valorativas
sobre o papel dos meios de comunicação na
apresentação da saga criada pelo escritor. O que é
inegável, entretanto, é que as personagens
extrapolaram a linguagem literária quando lançadas por meio de outras semióticas, como: o
rádio, o teatro, as estórias em quadrinhos, a televisão e as redes sociais. Iniciativas essas que
contribuíram para cobrir a lacuna deixada pelo mercado editorial, possibilitando a permanência
dos picapauzinhos lobatianos no imaginário infantil brasileiro.
Agora, no início do século XXI, os livros de Lobato foram reeditados, segundo a última revisão que
o escritor realizou em 1946, em duas coleções: a primeira para adultos e a segunda para as
crianças.