Cronica e arte
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FOTOGRAFO DE RIBEIRÃO PRETO CRIA EXPOSIÇÃO
MULHERES FORTES, ABERTA AO PUBLICO ATÉ O PRÓXIMO
DIA 29. (terceira parte entrevista com Maris Ester de
Souza )
Maris Ester de Souza
que também é uma
das homenageadas na
exposição “Mulheres
Fortes” e é
professora, poetisa e
escritora e
atualmente Presidente
da Casa do Poeta e do
Escritor de Ribeirão
Preto, disse que nunca se deixa abalar pelas dificuldades e
que é uma pessoa como qualquer outra pessoa.
Às vezes as pessoas são fortes, às vezes a vida as fazem
fortes mas você não pode se deixar abalar, e tem que ir
em frente. Segundo Maris não tem como voltar atrás, ou
você vai para frente ou se deixa abater.
E as Mulheres Fortes são assim, elas vão à luta elas
focam no que elas querem e lutam pelo que elas querem
e, enfrentam as dificuldades. A exposição é importante,
porque as pessoas precisam saber que essas mulheres
existem e que elas enfrentaram dificuldades, que elas
foram à luta. Segundo Maris Essas Mulheres foram além
do que se imaginava
Maris disse que só sentiu preconceito uma vez na época
de faculdade em uma época que tinha que conversar
sobre negociação dos valores do curso e sabendo quem
era ela, não quiseram negociar.
Maris disse que o pai era negro, pai que perdeu quando
ela tinha ele com 4 anos e a mãe era branca. Se passei
por preconceito eu não percebi eu sempre lutei, disse
Maris.
A ideia de estar nessa exposição é passar uma mensagem
de enfrentar as dificuldades, que é a mensagem que eu
sempre passo, disse Maris, que é necessário sonhar.
Muitos jovens da Periferia não tem sonhos, se nós
plantamos sonhos nesses jovens, eles vão pensar de
modo grande e no que querem, e começarão a ir em
frente.
Maris disse que se formou com 41 anos e foi com a
formatura que descobriu um mundo novo, inclusive o
gosto pela literatura, ali houve uma Maris que ganhou
vida, disse.
E hoje eu passo para os alunos, que eles podem descobrir
o mundo e essa exposição ajuda nessa questão e a gente
olhando para cada foto, vendo uma juíza negra, uma
advogada negra, eu Maris, também não imaginava.
Eu sei de um caso de médico que foi confundido com
jardineiro por causa
da cor da pele. Nós
negros temos que
abrir as portas para
que estas crianças
(negras), também
tenham como
enfrentar a realidade e
abrir as portas.
Essa exposição é
muito importante para isso.
A exposição tem que correr na região e ninguém
imaginaria que esse projeto, Mulheres Fortes, ia ganhar a
projeção que ganhou, eu tirei a foto quando fui convidada
e eu não imaginei que ia ser uma coisa tão grande como
ficou, disse Maris.
Tem profissões aqui que eu jamais imaginaria ser exercida
por essas mulheres, mas não imaginei isso porque?
porque são negras? será? Questionou Maris durante a
entrevista.
Você vendo essas mulheres todas, formadas você ver que
não está sozinha. Este projeto criou uma amizade entre o
grupo de mulheres fotografadas, criou laços e você vê,
que não é a única que passou por situações difíceis na
vida.
Os meus amigos me emprestaram cheque, para eu
estudar e eu não podia voltar atrás.
Maris disse que muitas destas mulheres passaram por
dificuldade para chegarem onde estão, para serem
assistente social, para cursar educação física, direito e é
importante demonstrar isto. É importante demonstrar que
não é porque eu sou negro, negra, que não posso estudar
não é porque eu sou negro que eu não posso enfrentar as
coisas.
Haverá dificuldades no caminho disse Maris.
O site Crônica e Arte, perguntou então para Maris se parte
da história dos abolicionistas, da luta contra escravidão
que hoje não é contada, foi apagada da história.
Maris disse que a história não tem como ser apagada não
tem como falar que não houve escravidão, não tem como
falar que certos fatos não aconteceram, eles estão lá, isso
não tem como mudar.
Uma pessoa pode morrer mas a história dela fica aqui
pode falar o que for do Zumbi, mas a história está ali, nós
enfrentamos no dia a dia muitos preconceitos a gente
passa pelos preconceitos. Querendo ou não. Eu não sei se
no meu caso, se eu não enxerguei ou eu não senti ou se
eu respondi a altura, eu fui em frente e deixei para lá.
Quando eu fui diarista, nunca me comportei só como uma
empregada, eu era a amiga que ia até tarde conversando
com aa dona da casa, hoje elas são amigas minhas.
Eu amo ouvir, ouvindo você aprende e, nós temos que
levar para os nossos alunos, aos mais jovens, esta
mensagem, um exemplo também que eu cito é a
interprete e
compositora,
Carolina de Jesus e
foi conhecida mais
fora do país aqui no
Brasil
Muitas pessoas estão
por aí, inteligentes
em sala de aula,
tímidos e a
exposição é arte e ajuda nesse processo de trazer à tona
essas questões.
Essas mulheres eram anônimas na sociedade e foi um
empoderamento muito bom. O site crônica e Arte citou
para Maris, Pier Paolo Pasolini em seus escritos corsários,
quando Pasolini diz que muitas vezes o mercado, pega o
que é protesto e o que é uma inovação, que denuncia os
erros de uma sociedade e transforma esse protesto e essa
inovação, para ganhar dinheiro com elas, criando
material, roupas, músicas, para quem inova ou protesta
comprar, fazendo com que o protesto a Inovação ou a
denúncia, se torne mais uma vez fonte de ganho para o
mercado ou a sociedade, denunciada nos erros da
Inovação, ou no protesto.
O site então perguntou então para Maris Ester se o tema
Mulheres Fortes não
poderia cair na mão do
mercado, ou seja, ser
usado pelo mercado
para mais uma vez
ganhar dinheiro em
cima de de uma luta
de uma Inovação, de
uma denúncia de
preconceito.
Maris disse que já tinha até pensado nisto, mas que o
fotógrafo Victor Hugo coordenador da exposição tem
sensibilidade o bastante para evitar que isso aconteça,
mas é uma questão com a qual deve-se tomar muito
cuidado, para que uma inovação como esta, uma denúncia
não seja motivo para se criar consumismo em cima do
tema.
O importante concluiu Maris, é mostrar a essa nova
juventude que a mulher apesar de sua cor,
independentemente de sua cor, consegue atingir as
posições sociais que sonha.