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Cronica e arte

CRONICA E ARTE CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br Rua São João 869, 14882-010 Jaboticabal SP
PATRIARCADO: AS RAÍZES HISTÓRICAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO OCIDENTE (Segunda Parte - para voltar na primeira parte do artigo, clicar no link depois da matéria) Por Wlaumir Doniseti De Souza. (Dados do autor no final da matéria Destarte, o patriarcado para se efetivas necessita da legitimação do Estado, sendo com ele cumplice para mover todas as estruturas da sociedade quer seja no âmbito público ou privado. A estratégia do patriarcado é partir da concepção histórica e politicamente construída e distribuída de natureza, o que equivale a dizer que o natural é socialmente entendido como elemento determinante das funções, espaços e papéis a serem desempenhados; enquanto homens ou mulheres, e utilizando-se das sanções sociais mais violentas possíveis contra todos e todas que a ela se opõem quer seja a partir de recursos informais da convivência social ou via Estado. Destarte, no patriarcado o sexismo, o racismo, o hebismo e o pediatrismo se encontrariam conexos e não viveriam mulheres, escravizados, crianças e adolescentes para si e para seus desejos, mas, antes, para o desejo e realizações do outro, o homem opressor, dominante e explorador, que não titubeia em utilizar das mais diferentes formas de poder e violência para manter-se no topo da hierarquia social. Para Heleieth Saffioti (1987) seria a ordem das bicadas. Para efetivar esta estratégia o patriarcado elabora suas táticas de manutenção da ordem masculina em detrimento da feminina onde se destaca primeiro a configuração da divindade. No panteão do mediterrâneo havia deuses e deusas, ou seja, ocorria uma disputa de poderes entre o masculino e o feminino, e mesmo uma transformação de um em outro. A vitória da masculinidade, e, portanto do patriarcado, na divindade oficial no Ocidentedá-se partir do cristianismo, em 380, com o decreto de Teodósio. É o marco da tentativa de assassinato da deusa como elemento determinante da realidade. Foi uma das formas mais bem acabadas do patriarcado que destina a mulher o papel de filha, esposa, mãe e silenciosa, como no caso de Maria, segundo os evangelhos oficialmente sancionados pela Igreja. A metamorfose entre cristianismo e patriarcado mediterrâneo trouxe ao centro da cena a violência da mulher legitimada pela na História religiosa cristã e, agora, também despojada do panteão divino. A passagem do politeísmo, com espaço para as deusas, para o monoteísmo, de divindade masculina, no Ocidente, demonstra que a nação dos homens opressores não tem fronteiras quando o tema é controle, domínio, exploração e violência contra a mulher. Embora o monoteísmo cultivasse diferentes formas de um deus único, o papel da mulher estava traçado como servil ao princípio do masculino e dele dependente para a salvação. Portanto, o patriarcado, enquanto tipo ideal, é encontrado no Império Romano e atinge seu auge na fusão com o cristianismo oficializado pelo Império Romano que consagra Jesus como Deus. Nele o elemento central de poder, quer no mundo privado, da casa ou da comunidade, ou no público, trabalho e salário, Estado, política e legislação é o homem em seus múltiplos papéis, pai, irmão, filho dominante homem que assumia a função de subjugar, dominar, explorar e controlar a mulher, e se fosse o caso, violenta-la psicológica ou fisicamente para manter a ordem natural e agora divinizada, seja por qual meio fosse, inclusa a morte. Interessante notar que enquanto autoridade jurídica da casa o poder do patriarca estendia-se da mulher, passando pelos filhos aos animais da casa e se estendia às funções sociais e aos escravizados. Assim, mulheres e crianças gozavam do mesmo status de subalternidade e, portanto, cabia ao processo educativo da criança a violência rotinizada como elemento disciplinador, como ocorria com as mulheres e os escravizados. A diferença é que o menino quando, deixava de ser criança ou adolescente (pediatra ou hebiatra), passava a homem com direitos patriarcais e poderia violentar a todos apesar das resistências, e, enquanto homem a própria família caia sob seu jugo; o que não ocorria com a menina ou a mulher, escravizadas eternas pela compreensão de sua natureza determinadas pelo homem opressor e sua religião legitimadora da ordem, o cristianismo. Em um Estado patriarcal, controlado por homens e para homens, se constituía uma família patriarcal, e vice-versa, nesta relação dialética, que tinha por meta quebrar a vontade própria das mulheres, dos filhos e dos demais escravizados devendo estes obediência submissa ao pai provedor/opressor. Nesta sociedade patriarcal o Estado e as leis eram elementos táticos do mesmo e não tinha por meta defender os interesses do povo, mas os do patriarca provedor e proprietário das gentes. Ponto este que viabilizaria o pacto entre patriarcado e capitalismo, séculos depois e que foi designado de nó górgio por Heleieth Safiotti. Tudo isto justificado ideologicamente do ponto de vista da natureza diversa de mulheres e crianças para com o homem provedor/opressor. É o biológico, socialmente interpretado, justificando as diferenças entre os sexos e as idades ao longo do milênio, atribuindo competências naturalizadas ao masculino e incompetências naturalizadas ao feminino. Neste ponto do patriarcado as mulheres seriam escravas por e da natureza e por definição da ordem. Séculos depois, com o escravismo africano o negro entraria no mesmo contexto, de onde sexismo e racismo são irmãos gêmeos. Às escravas da natureza caberiam então manter a boa reputação para distinguir-se daquelas que sem um patriarca deixaram-se levar pelos desvios do caráter mediante a ascensão do cristianismo e sua moral. Respeito social, vergonha e honra eram elementos fundamentais à mulher, sendo estes definidos e compreendidos pela ótica masculina ao qual cabia ser desbravador, herói e penetrador de tudo com ou sem autorização. Bibliografia MORGANTE, M.M.; NADER, M. B. O patriarcalismo nos estudos feministas: um debate teórico. Disponível em: www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1399 953465_ARQUIVO_textoANPUH.pdf. Acesso em 3 de fevereiro de 2016. SAFFIOTI, H.I.B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. ____. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. SOUZA, J. Gilberto Freyre e a singularidade cultural brasileira. In: Tempo social. Ver. Sociologia da USP, São Paulo 12(1): 69-100, maio de 2000. SOUZA, W.D. de. (Org.) Sociedade, história e relações de gênero. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. PARA VOLTAR NA PRIMEIRA PARTE DO ARTIGO CLIQUE AQUI
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