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Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com. br Rua São João 869,  14882-010 Jaboticabal SP
PELAS RUAS DE RIBEIRÃO NASCE O AMOR... foto Pinguim Ribeirao Preto (por Mentore Conti) O tempo passa, mas não apaga nem o doce nem o amargo. Nas ruas da cidade passagens memoráveis... O ônibus estava cheio, mas pelas manhãs de Ribeirão Preto é difícil uma manhã que não se pegue um ônibus lotado, cheio de trabalhadores que deixam seus lares para a conquista de mais um dia. Porém, naquela manhã, os olhos de Maísa se encontraram com um par de olhos verdes claros, tão belos que fizeram a moça baixar os olhos... O homem a olhava fixamente fazendo a moça desviar o olhar e quando sem querer esbarrava novamente naquele que insistia em encará-la, mas desviar os olhos fazia parte da natureza, que em um gesto abusado encheu-se de orgulho e virou a face... Alguém desceu e a moça sentou-se. Pensativa encostou a cabeça na janela, quando ouviu uma voz: – Como vai Maísa? A moça deparou-se novamente com os olhos claros e neles viajou... O passado voltou como se nunca tivesse se ausentado... – Chora morena, morena chora, chora morena que amanhã eu vou embora! – Desce daí moleque, gritava a irmã para o garoto que trouxera para passar uns dias em sua casa, pois o menino, para paquerar uma garota, entrara em um terreno baldio da Nabuco de Araujo e subira em um muro. O motivo daquela cantoria era Maísa uma morena, quase da idade do garoto, olhos de jambo, que enfeitiçada pelo menino ouvia o cantarolar toda envaidecida. A menina morava em uma casa simples, na Vila Virgínia, precisamente na João Guião, mas a família acabara por alugar dois cômodos que tinha nos fundos para ajudar nas despesas, afinal criar cinco filhos não era fácil. Vira Luís Henrique poucas vezes após aquele encontro. O garoto tomou outro rumo, e a última vez que Maísa ouvira falar daquele menino é que estava envolvido em um caminho difícil de volta, já nem sabia se estava vivo... Mas a voz e a música a acompanharam durante todo seu desenvolvimento... Luís Henrique foi o primeiro de muitos... Havia naquela noite algo mágico, ele era um dos garotos mais bonitos da discoteca, chamava-se Luiz e a acompanhava até em casa. Haviam parado para tomar sorvete na sorveteria do Geraldo, bem ali na São Sebastião com a Barão do Amazonas, depois se prontificara para levá-la, contudo ela não deixara que ele a acompanhasse até a porta de casa. – Você pode me deixar na Paulo de Frontin com Nabuco de Araujo que tá bom, disse a menina, pois tinha medo da mãe ficar brava, pois já era meia noite e dona Carmem ia ficar zangada... Ele a beijou docemente e se foi. Maísa ainda se recordava daquele beijo doce, daquele rosto moreno que a acompanharia para sempre. Ele nunca teve importância na vida dela, porém aquela noite caminhando pelas ruas da Vila Virgínia ficaria com ela... A mãe ficara brava, mas o rapaz mais ainda, ao descobrir que ficara na rua com uma menina de quinze anos após a meia noite... Contudo ela não ligava... caminhar pela noite, pelas ruas do centro até em casa fora divino. Chamava-se Luiz e foi motivo de desavença com a irmã, pois esta fora apaixonada por ele. Mas Maísa não se prendia a ninguém... Queria algo mais... _Maísa, Maísa! A moça acordou do devaneio quando avistou ao longe Rita, a amiga que viera encontrá-la naquela tarde de sábado. Rita a convidou para ir à prainha de Miguelópolis com uma excursão e ela ficou de falar com a mãe... Assim conheceu Luís Paulo, um olhar diferente, zombador, contrário a tudo o que ela queria... mas o moço levou-lhe o coração... ela tinha apenas quinze anos, trabalhava, era independente e tinha namorado... Terminar o namoro fora difícil, mas estava apaixonada... Era uma época em que pedir em namoro era difícil, mas era o correto e o rapaz falou com seus pais e assim o novo namoro teve início... Paulo era diferente, fazia loucuras e muitas vezes corriam pela chuva e o rapaz gritava em plena Pio XII o quanto a amava... a levava para tomar sorvete... Maísa adorava caminhar, ir ao cinema, coisas que o dia a dia não lhe permitia... Havia acabado o ginásio e naquele ano não pensava em estudar. A lembrança de dona Ana, diretora do SESI 1345 era fresca, a diretora a aconselhara a estudar no Colégio Otoniel Mota, mas Maísa nem sabia como funcionava aquela escola... Naquele ano apenas trabalharia para ajudar a família... Fazer compras no Supermercado Durão era uma das coisas que mais gostava... Sim a família  Durão ficara em sua memória! Aos domingos passava o dia com o namorado e muitas vezes ele a levava ao Bosque Municipal Fábio Barreto e ali passavam horas. Maísa contava-lhe que adorava ir ao Jardim Japonês avistar aquela parte da Cava do Bosque, ali se sentia em paz... Lembrava-se quando os pais a levavam com os irmãos para fazerem piquenique, bem ali naquela parte do bosque... Quando não, Paulo a levava ao Campus da USP, para caminhar após visitarem o Museu do Café... a moça amava aqueles passeios, pois havia ali uma quietude que lhe preenchia a alma... O rapaz lhe fazia bem e conseguira algo que ninguém havia conseguido, prendê-la por tantos meses... mas foi naquele mês de junho que tudo se rompeu, a corda não tinha nós tão firmes... e em uma brincadeira, em uma festa junina, ouviu-se um tapa na face de alguém... Maísa saíra pelas ruas do Ipiranga chorando...Paulo a alcançou na Dom Pedro I e entregou-lhe a luva que caíra de suas mãos. A moça sentira-se ofendida por uma brincadeira e havia desferido uma bofetada no rosto do rapaz... a jovem voltou para casa chorando... Mais tarde o rapaz bateu em sua janela e entregou-lhe a aliança... Não havia sido a brincadeira que os separara, mas o orgulho perante as pessoas... Não houve outro Luiz no caminho da jovem... frequentara a casa do rapaz por um bom tempo como amiga, mas o destino realmente os separou... Maísa foi embora e retornou anos depois...descobriu que amava Ribeirão Preto, mais que ela mesma e que suas raízes estavam fincadas ali...os anos fora mudara as coisas e ela teve que acostumar-se com os trólebus...era a modernidade chegando. Já não morava na Vila Virgínia, mas as raízes, as lembranças ainda estavam lá... Os pais faleceram, mas a casa ainda permanecia de pé. Os irmãos se encontravam sempre. A saudade permanecia... Formou-se professora e agora trinta anos depois em uma manhã qualquer, em um ônibus, encontrava novamente aquele rapaz, não mais um jovem, mas um homem, porém com o mesmo jeito zombador... nos olhos a identidade que nenhum tempo pode apagar... – Paulo que surpresa! Não mais Luís, apenas Paulo... Pelas ruas da cidade laços e deslaços, pelas ruas de Ribeirão Preto uma sucessão de histórias...
Maris Ester Aparecido de Souza: Atual presidente da C.P.E.R.P. (Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto), membro fundador da U.E.I. (União dos Escritores Independentes), Membro da ALARP ( Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto), autora do Livro “Nua para o Criador...Vestida para a Humanidade” (Ed. Paulista) membro da OVJ (Ordem dos Velhos Jornalistas), da U.B.E (União Brasileira de Escritores). Professora de Língua Portuguesa da E.E. Cordélia Ribeiro Ragozo (Bonfim Paulista).   (clique aaqui é leia mais sobre  Maris Ester A. Souza)
Maris Ester A. Souza
ROMANCES, CONTOS & POESIAS...
foto por Rodolfo Tiengo
foto: praça C Gomes Rib Preto por Mentore Conti
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