Cronica e arte
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WALDICK SEMPRE WALDICK
(Um artista que foi o precursor do sertanejo
universitário, interpretado por Leonardo e outros
cantores)
Mentore Conti Mtb 0080415 SP // foto e videos
internet
Jaboticabal, 12 de maio de 2018
Ao tentar escrever este artigo
sobre Waldick Soriano, fiz
algumas pesquisas pela
internet e conversei com
algumas pessoas sobre o
estilo do artista. Todos se
lembram do seu estilo de
vestir, geralmente um terno
preto gravata e um chapéu
como os heróis de “bang bang”, de western e se
lembram também da música “Eu Não Sou Cachorro
Não”
Waldick Soriano foi considerado o rei do estilo
brega, do estilo cafona e muitas vezes por jornais e
pela mídia, era tido como um artista menor.
Waldick Soriano compunha e cantava músicas
românticas e de cunho popular.
Em favor de Waldick Soriano e de seu
estilo brega, como todos diziam, seria
interessante lembrar Fernando Pessoa,
que através do heterónimo Álvaro de
Campos escreveu o poema “todas as
cartas de amor são ridículas” onde na
primeira estrofe ele escreve: “todas as cartas de
amor são ridículas” “não seriam cartas de amor se
não fossem ridículas”.
Porque um artigo sobre Waldick Soriano, 10 anos
depois de sua morte e de um artista que foi
considerado sempre como cafona?
Esta é a pergunta do leitor deve
estar se fazendo agora e neste
ponto devemos responder ou
lembrar, que a música popular
brasileira hoje tem alguns estilos
que lembram ou esbarram no estilo,
não só de Waldick Soriano mas
também de outros artistas que
trabalharam entre os anos 60 e 80,
como Lindomar Castilho, Reginaldo Rossi, Paulo
Sérgio, Sidney Magal entre outros.
Se fossemos sinceros quando criticamos estes
artistas que citei acima e inclusive Waldick Soriano,
deveríamos nos perguntar, qual a diferença deles e
de Roberto Carlos ou outros cantores
românticos que fizeram sucesso e foram
aceitos pela critica? Talvez a única
diferença é que as gravadoras
investiram mais em Roberto Carlos e
em alguns cantores românticos e não
em outros?
Tanto que temos gravações de Waldick
Soriano, interpretando Roberto Carlos!
Aqui antes de prosseguir eu faço uma provocação
ao leitor: o Cazuza com todo o talento que tinha e
eu não nego que tinha talento, teria o mesmo
espaço que teve na crítica e na mídia que lhe era
favorável, se não fosse filho do produtor musical da
gravadora Som Livre, João Araújo? Não se trata de
talento, mas de espaço no mercado da música.
Muitas vezes o que faz a diferença entre a aceitação
ou rejeição da mídia é porque o artista tem origem
ou apoio deste ou daquele grupo de comunicação.
Waldick Soriano nasceu na Bahia em Caetité, em 13
de maio de 1933 município distante 645 km da
capital Salvador, município que
em 2017 tinha,
aproximadamente 52600
habitantes. O nome completo de
Waldick Soriano na realidade é
Eurípedes Waldick Soriano.
Waldick Soriano conta em uma
entrevista ao G1 datada de
2007, um ano antes de morrer, que a única
recordação triste ele tinha da infância, foi quando
perdeu a mãe.
Ele tinha 10 anos quando este fato aconteceu, mas
na realidade ele foi afastado da mãe aos 5 anos,
quando ela se separou do pai de Waldick e foi morar
em São Paulo. Ela era cantora.
O seu pai Manoel Sebastião Soriano era comerciante
de Ametistas no distrito Brejinho das Ametistas, na
cidade natal do artista.
Antes de começar a carreira
artística, nos anos 50, com a
música “Quem és tu” quando
ficou conhecido e de se
consolidar na década de 60,
pela Gravadora Chantecler,
com o álbum de mesmo nome,
Waldick Soriano exerceu várias
profissões.
Antes de ser artista ele
trabalhou como garimpeiro,
caminhoneiro e até engraxate
como ele mesmo fala no documentário “Waldick
sempre no meu coração” de 2008 produzido por
Patrícia Pillar.
O pior serviço em que trabalhou, como ele mesmo
fala, foi o de garimpeiro que é muito arriscado. Ele
conta que eles mesmos faziam a comida que era
chamada Pedregulho.
Eles colocavam tudo na panela, feijão, arroz ou
Toicinho, tudo que tivesse era misturado. O sonho
dele sempre foi ser cantor, mesmo naquela época e
ele era acordeonista, como se fala que no sudeste
ou sanfoneiro ou gaiteiro no sul do país.
Quando saiu de sua cidade para começar a carreira
artística disse que só voltaria para lá se fizesse
sucesso e foi em São Paulo que ele começou. Da
década de 60 até quando morreu em 2008, foram
mais de 50 discos com mais de 600 músicas.
Além do seu maior sucesso “Eu Não Sou Cachorro
Não” ele tem músicas como “Torturas de Amor”
gravadas por Fafá de Belém Maria Creuza. Waldick
Soriano foi interpretado ainda por Leonardo e
outros interpretes.
No documentário de Patrícia
Pillar Waldick Soriano fala
que rodou muito pelo Brasil
fazendo Shows. Muitas
vezes ele via a população
que a cidade tinha e
calculava que deveria haver
cinema na cidade em que
chegada. Assim ele alugava
o cinema para o show.
Em 1972 participou de um filme denominado
“Paixão de um homem” nome de uma de suas
músicas, o filme foi lançado em16 de novembro
daquele ano e tem 1h 37min de duração, sendo
dirigido por Egydio Eccio e além de Waldick Soriano
tem no elenco, Maria Viana e Walter Portella
Aliás foi do cinema de Western que ele gostava, que
ele tirou seu estilo de se apresentar, chapéu, terno
geralmente escuro, na linha do personagem
Durango Kid interpretado em 1940, na década de
40 por Charles Starrett.
Em uma de suas entrevistas Waldick Soriano,
perguntado sobre o recurso do playback já no ano
2000, ele disse que não usava
nem o playback de voz e nem o
playback só acompanhamento.
Segundo Waldick Soriano, esse
tipo de recurso empobreceria
show.
E tinha razão.
Para as viagens ele mesmo conta
que levava sou um violonista seu
e depois no local do show, contratava músicos locais
o que dava um efeito muito melhor e muito mais
natural.
No começo dos anos 90 Waldick Soriano mudou-se
para a cidade de Teresina no Piauí, e começou uma
parceria com violonista Fernando Fonseca com
quem fez uma turnê show pelo país inteiro. Esta
seria a última turnê que ele faria durante a vida.
Em 1992 ele mudou para Fortaleza Ceará e com o
pianista Oliveira Júnior continuou fazendo pequenas
apresentações, até que foi diagnosticado com
câncer de próstata. Waldick Soriano tentou
tratamento em vários locais inclusive no Inca
(Instituto Nacional do Câncer) de Vila Isabel, Zona
Norte do Rio de Janeiro.
O diagnóstico foi em 2006 e em 2008 ele faleceu no
dia 4 de setembro.
Waldick Soriano fala que a condição de poeta,
muitas vezes faz com que o sofrimento, os
sentimentos em geral, virem a “matéria prima” para
a composição da poesia da música. Segundo
Waldick Soriano, o poeta não tem condições se
livrar destes sentimentos e isto ele traduz em seu
trabalho.
“O poeta ama intensamente”
assim falava Waldick Soriano
em outras palavras no filme
documentário “Waldick Soriano
sempre no meu coração” de
Patrícia Pillar lançado em 2008
um ano depois da morte do
compositor e cantor.
Ao fazer este artigo ouço agora,
mais uma vez músicas do autor e interpretadas por
ele mesmo. Analisando a melodia, vemos que não
há nada de cafona, como muitos críticos falam e
neste ponto é estranho como pessoas ligadas à
cultura, que não vou citar o nome, torceram o nariz
quando eu disse que faria um artigo sobre Waldick
Soriano.
A reação que vi em algumas pessoas era como se
as músicas de Waldick Soriano não tivessem valor
algum. Seria interessante analisar se este
preconceito que os críticos criaram sobre ele e
muitas vezes impede, que pessoas da área cultural,
parem para ouvir este autor e intérprete, não teve
um interesse em realçar outros cantores da mesma
linha que Waldick Soriano, por causa de interesses
de gravadoras.
A melodia é romântica e como todo bolero fala de
amores que não deram certo,
boleros que como sempre
foram cantados em bares e
boates, o que talvez ajudou a
reforçar o preconceito contra
o autor.
Waldick Soriano era ouvido
também em casas de
meretrício, mas aqui
devemos nos perguntar, qual a música que hoje, do
sertanejo universitário não é ouvida também em
lugares assim.
O historiador Paulo Cesar Araújo no site do
G1/Globonews, em matéria do dia 11/04/2013,
aponta que as elites culturais brasileiras sempre
desprezaram Waldick Soriano porque ele não se
enquadrava nem na tradição, como os sambistas de
raiz Nelson Cavaquinho e Cartola, e nem na
modernidade, com influências da Bossa Nova e do
jazz.
clique na foto abaixo e
veja a discografia de
Waldick Soriano
Durango
Kid
No final do artigo,
clique e ouça maias
músicas do artista
clique na foto e ouça: É melhor
para nós três
clique e ouça a música
Torturas de Amor
Para ouvir as músicas Click na fotografia
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arquivo com a música aparecerá em uma
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música paixão de um
homem