Cronica e arte
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A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO EXISTE EM POTENCIAL
A teoria da mão
invisível do mercado não
possui aplicação prática e
isso ficou evidente
quando o Estado Liberal
se tornou o Estado de
Bem-Estar Social.
O Estado Liberal não
funcionou. Só isso. Direto
e objetivo.
No Estado de Bem-Estar Social o Estado intervém na
economia para garantir oportunidades iguais para todos os
cidadãos através da distribuição de renda e a prestação de
serviços públicos como saúde, educação, moradia etc.
Isso é o óbvio, pois se a maioria da população que
paga impostos é quem mantém o Estado, este deve agir
em prol dessa maioria que o sustenta e não em prol de
uma minoria da qual os impostos que paga é uma parte
ínfima e que, muitas vezes, consome fora do país, não
arrecadando nada para os cofres públicos nacionais (não
se esqueça que toda a tributação desagua no consumo,
logo, quem paga todos os tributos é o consumidor, pois
estão embutidos no preço final).
Tem quem acredite que o Estado existe somente para
criar infraestrutura para pessoas ricas fiquem mais ricas (é
o que tem ocorrido prioritariamente, na prática).
Isso significa que a mão invisível pode agir em algum
momento, mas necessita de cumprir requisitos para isso.
A existência de uma
autorregulação exercida
pelo próprio mercado,
garantida pela livre
iniciativa e sem qualquer
regulação estatal se
demonstrou um fiasco e,
mesmo as grandes potencias capitalistas, possuem alguma
medida de regulação.
O raciocínio é que se há necessidade de sujeição de
um, sem qualquer poder de barganha para o outro, não há
liberdade, logo, não há a liberdade necessário para o
equilíbrio necessário para a atuação de referida teoria.
A teoria é, de fato, uma coisa maravilhosa, porém,
utópica.
A mão invisível do mercado pressupõe (exige) uma
igualdade plena, de forma que qualquer desigualdade
acarreta seu desequilíbrio.
Já ficou demonstrado que não há uma autorregulação
pelo mercado.
Pior, o que vemos é o “mercado”, que tanto defende os
ideais liberais, travar o mercado, pois a mão invisível se
mostra inviável para quem tem intenção de lucrar
exorbitantemente em detrimento dos demais.
Lucros exorbitantes advém da sujeição de outras
partes aos desejos únicos e exclusivos de uma das partes.
O exemplo clássico é o monopólio, que é combatido
em muitas democracias por meio de agências reguladoras,
no Brasil, atividade desenvolvida pelo CADE - Conselho
Administrativo de Defesa Econômica, onde um indivíduo ou
grupo é o único possuidor de determinado produto, bem
ou serviço, que, na falta de competidores, pode vendê-lo
ou prestá-lo por preços exorbitantes.
O monopólio não
garante igualdade entre as
partes, de forma que uma
deve se sujeitar a outra se
quiser algo. A livre
concorrência é que
garante a oferta de bens e
serviços de qualidade e
bom preço, enquanto em
um monopólio se tem que
aceitar, muitas vezes, má qualidade e preços exorbitantes,
pois não há um contraponto, uma outra alternativa, que só
é possível havendo concorrência.
Sem a regulação, os pequenos seriam “engolidos” ou
“mortos” inviabilizando qualquer início de atividade
econômica concorrencial, entenda-se livre comércio.
O “mercado” fica “com água na boca” ao pensar em
monopólio, mas não se engane, pois, na falta ou
impedimento ao monopólio, ele se satisfaz com outra
medida feroz, o cartel.
O cartel existe, mas está muito bem mascarado.
Muitas vezes se disfarça em alguns centavos de diferença
no preço, mas é tão prejudicial à livre iniciativa quanto o
monopólio.
No cartel há um acordo de cooperação na busca
controlar um mercado, determinando os preços, limitando
ou sufocando a concorrência.
Então, vamos deixar tudo na mão do “mercado”?
O mercado vai realmente se regular para buscar
igualdade, com uma sociedade mais justa, melhor?
O mercado nos fará olhar para um outro ser humano e
enxergar um outro ser humana?
Tudo é uma questão de perspectiva mental.
Enquanto houverem seres humanos que se sentem ou
que tem necessidade de se sentirem melhores que outros
seres humanos com base em seu patrimônio ou capital
acumulados a mão invisível não irá mostrar sequer a ponta
da unha de seu dedo mindinho.
a
Waldomiro Camilotti Neto é filósofo,
advogado, professor universitário,
Especialista em Direito Processual do
Trabalho e Direito Administrativo.
Onde o pensamento ganha liberdade
Fotos foto 1 o mundo entre Hobbes e Adan Smith
(pensadores absolutista e liberal respectivamente foto
2 Adan Smith foto 3 Thomas Hobbes
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4/julho/2022