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O ROMANCE 'TIL' DE JOSÉ DE ALENCAR E O PROJETO DE FORMAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA Artigo de Mentore Conti Mtb 0080415 SP fotos Domínio Público e Agencia Brasil, no final o PDF do romance TIL Jaboticabal, 4 de outubro de 2025 O romance 'Til', publicado por José de Alencar em 1872, integra o projeto do autor de criar uma literatura nacional que desse forma à identidade cultural brasileira. Ambientada no interior paulista, a obra retrata costumes, tensões sociais e relações de poder em um Brasil marcado pela escravidão e pelas transformações políticas do período. Escrito logo após a promulgação da Lei do Ventre Livre (1871), o livro capta o clima de debates sobre o futuro da sociedade brasileira, ao mesmo tempo em que se insere no mosaico literário de Alencar, formado por romances indianistas, urbanos e regionais, todos voltados para a invenção de uma brasilidade. José de Alencar ocupa lugar central na literatura brasileira do século XIX, não apenas como romancista, mas como um intelectual comprometido com o projeto de construção simbólica da nação. Seu romance 'Til', publicado em 1872, insere-se nesse esforço mais amplo de criar uma literatura que pudesse, de alguma maneira, consolidar uma identidade cultural própria, capaz de dialogar com o passado colonial e escravista, ao mesmo tempo em que apontava para uma modernidade nacional. Ao escrever 'Til', Alencar volta-se para o interior paulista, descrevendo fazendas, costumes, tensões sociais e relações de poder que marcam o Brasil rural da época. O romance é permeado por elementos que vão além do enredo: ele tenta capturar os traços característicos da vida brasileira, em especial o convívio entre diferentes camadas sociais e raciais. Assim, o texto não se reduz a uma história sentimental ou melodramática, mas se apresenta como uma espécie de retrato da sociedade em transformação. O projeto literário de Alencar sempre esteve ligado à ideia de fundar uma literatura genuinamente nacional. Desde os romances indianistas, como 'Iracema' e 'Ubirajara', passando pelos urbanos, como 'Senhora', até os regionalistas, como 'Til', ele procurava desenhar um mosaico do Brasil. Cada obra representava um pedaço desse grande painel: o índio como herói fundador, a vida urbana burguesa em ascensão, os sertões e interiores como repositórios de costumes autênticos. Nesse sentido, 'Til' é parte de um esforço mais amplo para desenhar o perfil de uma nação em formação. No contexto histórico, é importante lembrar que Alencar viveu num Brasil marcado pela monarquia e por intensos debates sobre a escravidão. Em 1871, ano anterior à publicação de 'Til', foi sancionada a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data. Esse ambiente de discussões políticas e sociais atravessa o romance, mesmo quando não aparece de forma explícita. As figuras de escravizados e de personagens subalternos em 'Til' não são protagonistas, mas sua presença reforça as tensões estruturais que Alencar, mesmo conservador, não podia ignorar. Há também, em 'Til', a busca de criar um espaço simbólico em que as diferentes vozes da nação pudessem ser vistas, ainda que de forma hierarquizada. A idealização do campo, o retrato dos vínculos afetivos e a exaltação de um Brasil profundo fazem parte da tentativa de dar densidade cultural ao país. Nesse ponto, a obra dialoga com o romantismo europeu, mas busca adaptar esse modelo à realidade nacional. Se compararmos 'Til' com o projeto alencariano de formação da nação, percebemos que ele não é apenas mais um romance regional: é uma peça de um quebra-cabeça literário, político e cultural. Alencar, como deputado e homem público, defendia uma visão conservadora em vários aspectos, especialmente em relação à escravidão, mas, como escritor, tinha a ambição de legar uma literatura que fosse lida como expressão da brasilidade. Nesse sentido, 'Til' ocupa um lugar singular: nele estão condensados o olhar do autor sobre o campo, as contradições sociais do período e a tentativa de formular uma identidade nacional. Portanto, 'Til' é mais do que um romance rural do século XIX. É parte de um projeto literário e político que buscava definir o Brasil para os próprios brasileiros. Através dele, Alencar não apenas contava uma história, mas contribuía para a invenção de um imaginário nacional, em uma época em que o país buscava se afirmar culturalmente e lidar com as contradições de sua estrutura social. Porque este título: O romance Til, de José de Alencar, recebeu esse nome porque “Til” é o apelido carinhoso da protagonista, Berta — uma jovem órfã que vive no interior paulista e simboliza, de certo modo, a pureza, a força e o instinto moral do povo simples do campo brasileiro. Mas há também camadas simbólicas nesse título, que ajudam a entender o projeto literário e nacionalista de Alencar: O apelido e o caráter popular O nome “Til” vem da forma como as pessoas humildes da fazenda chamavam Berta. É uma contração afetiva de “Bertilha” ou “Berta”, e esse uso de diminutivos e apelidos populares mostra a intenção de Alencar de retratar a fala e os costumes do povo rural. Assim, o título não é apenas um nome: ele representa a linguagem brasileira, o jeito de falar do interior, o modo como o povo nomeia com ternura e simplicidade. O símbolo da personagem: Berta (“Til”) é o eixo moral da narrativa. Ela representa a virtude natural, a bondade instintiva e o ideal de mulher e de Brasil que Alencar queria exaltar — uma figura ligada à terra, à natureza e à pureza. Dar o nome do livro a ela é destacar a força simbólica do feminino e da vida interiorana como elementos fundadores da identidade nacional. . O sentido estético e nacionalista Quando Alencar escreve Til (1872), ele já tinha publicado obras indianistas e urbanas (O Guarani, Lucíola, Senhora). Com Til, ele volta-se para o Brasil rural, mostrando que a nação também se constrói no interior, com o povo simples e suas tradições. O título curto e afetivo reflete esse projeto de “brasilidade”: um nome pequeno, coloquial, fácil, que soa verdadeiramente brasileiro — sem influência estrangeira. Um toque sentimental e simbólico Há também quem veja no nome Til um traço de musicalidade e leveza — o til (~) é um acento que “oscila” sobre as letras, o que poderia metaforicamente remeter à delicadeza, à oscilação entre alegria e tristeza que marca o tom do romance.
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JOSÉ DE ALENCAR
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