Cronica e arte
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CRÍTICA: O FILME “A PRIMEIRA TENTAÇÃO DE CRISTO”
DO GRUPO “PORTA DOS FUNDOS”
Mentore Conti Mtb 0080415 SP // foto divulgação
Jaboticabal, 18 de dezembro de 2019
O filme “A primeira
Tentação de Cristo”, uma
produção do grupo “Porta
dos Fundos” e em
exibição no canal Netflix,
está gerando polêmica
pelo tema escondido, ou
seja, uma crítica à Cristo
colocando-o como
homossexual e
ridicularizando toda a
história de Cristo e a sua
concepção.
Não vou me ater aqui a profanação feita em relação a figura de
Jesus Cristo, questão que já está sendo bem debatida, inclusive na
Câmara dos Deputados em Brasília.
Além desta questão, ao assistirmos o filme, com cerca de 45
minutos, teremos a ideia exata da mediocridade de quem o
realizou. Independente da questão religiosa abordada, o filme não
tem um roteiro bem desenvolvido, não há uma sequência lógica no
filme com subdivisões que o tornem interessante ao expectador.
Os diálogos de humor, que é o tipo de filme que se propôs a
apresentar, são pobres e muito fracos.
Ainda que se fale mais de uma sátira sobre o nascimento e a vida
de Jesus Cristo, ela foi muito mal feita e muito mal elaborada.
Basta compararmos com o filme “A Vida de Brian” filme de 1979, do
grupo inglês Monty Python ou The Pythons, (que teve uma série na
TV Britânica de 1969 a 1974 e produziu filmes até a década de
1980) para percebemos imediatamente, o quanto falta de qualidade
no filme do grupo Porta dos Fundos.
No filme A Vida de Brian temos a história de um carpinteiro que
nasce em uma casa do lado da manjedoura de Cristo (e no mesmo
dia) e por ter a mesma idade que o messias, muitas vezes é
confundido com ele e passa por sérios apuros por causa disso.
Mas no filme do grupo inglês nós temos um enredo dividido em
três partes, diálogos concisos e inteligentes, uma fotografia de
primeira e é um filme, que apesar de fazer uma sátira, não ataca de
divindade alguma.
O grupo inglês integrado por Eric Idle, Graham Chapman, John
Cleese, Michael Palin, Terry Jones, criou um novo estilo de humor
que chegou a ser imitado no Brasil pela trupe do Casseta e Planeta,
mas já na época, uma imitação sem a mesma categoria.
O grupo porta dos
fundos agora tenta
retomar o estilo, mas
sem um mínimo de
condições artísticas,
para se igualar ao
grupo inglês e fazer
uma sátira, do porte
que quiseram fazer
com a vida de Cristo.
Infelizmente o
cinema nacional, com o cinema novo, abandonou o estilo que tinha
sido iniciado pelos estúdios da Vera Cruz e que teve seguimento
com a Amacio Mazzaropi. Ao dar esta guinada, nossos cineastas
tirando raríssimas exceções, destruíram o cinema nacional, com
produções que visavam apenas o aplauso de críticos ou mesmo ser
elogiado em premiações, mas esquecendo o público.
Ao contrário do cinema norte-americano, onde a produção é bem
elaborada e encanta o mundo inteiro, o cinema nacional vive aos
Trancos e barrancos.
Pelo que vemos na produção do grupo “Porta dos Fundos” não foi
desta vez que o cinema brasileiro começou a sair dessa mesmice de
filme sem roteiro e sem pé ou cabeça, com um humor de piadinhas
infames, quando é um filme de humor e de um filme, que em
última análise não fala coisa com coisa, mesmo em se tratando de
um filme de humor.
Falar que profanaram os Evangelhos isso não é preciso nem dizer,
mas além da profanação feita, ainda realizaram um trabalho de tão
péssima categoria, que a única coisa que o espectador vai acabar
sentindo no fim, é raiva de ter perdido 45 minutos assistindo uma
babaquice.