INIMIGOS HOJE, ALIADOS AMANHÃ. A dinâmica do cenário político brasileiro, especialmente durante o período pré-eleitoral, é marcada por uma série de movimentações estratégicas por parte dos pré- candidatos aos cargos de vereador, prefeito e vice-prefeitos. Uma dessas estratégias envolve a mudança partidária, um fenômeno que, embora legal, suscita diversas dúvidas e desconfianças no eleitorado. Esta prática, apesar de ser uma faculdade prevista na legislação, pode gerar questionamentos sobre a coerência e a fidelidade ideológica dos pré-candidatos, influenciando diretamente na percepção de confiabilidade por parte dos eleitores. Além disso, a comunicação antecipada de intenções políticas e alianças, enquanto parte da estratégia de construção de uma base eleitoral sólida, pode ter efeitos contrários ao esperado. Um político que durante ¾ de seu mandato atua na oposição à Administração corre o risco natural de perder a credibilidade desenvolvida na sua atuação se mudar de lado. A condição a ser exposta é: - Quais foram as razões da mudança? A governança que outrora não se enquadrava com suas convicções e os seus princípios éticos e morais, mudou? A exposição destes questionamentos levará o eleitor a refletir sobre a fidelidade a princípios que ele se identificou com o político que mudou de lado. Tal assertiva demonstra que o eleitor, que outrora apoiava e se identificava com aquela plataforma eleitoral, no mínimo; irá pesar sua decisão a ser depositada nas urnas. Outro aspecto a ser considerado é que se tornará evidente a exposição de planos e ações precocemente. Esta exposição precoce de planos e plataformas eleitorais abre espaço para o escrutínio público e para a ação de adversários políticos, o que pode resultar na desidratação da plataforma eleitoral do político que embora, seja pré-candidato poderá ser julgado e descartado. Este cenário evidencia a complexidade do jogo político, onde a visibilidade precoce nem sempre se traduz em vantagem competitiva. Além do que, a largada precoce em pré-candidaturas ocorrerá naturalmente a perda de capilaridade. A capacidade de penetrar em diversos segmentos do eleitorado e manter uma base de apoio diversificada é crucial para o sucesso eleitoral. No entanto, a volatilidade das alianças políticas e a mudança de posicionamento podem levar a uma erosão dessa base, prejudicando a estratégia eleitoral do politico que mudou de lado, levando obrigatoriamente a perda da confiabilidade do eleitorado na construção de uma imagem política sólida. Não há nada de ilegal a mudança partidária. A legislação eleitoral brasileira, regida principalmente pela Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições), pelo Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965) e pela Resolução nº 23.606/2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estabelece as normas que regem o processo eleitoral, incluindo as condições de elegibilidade, as regras para filiação partidária e a mudança de partido, conhecida como "janela partidária". A mudança partidária de pré-candidatos, embora legal quando realizada dentro dos prazos e condições estabelecidos pela legislação, suscita questionamentos sobre a estabilidade política e a coerência das plataformas eleitorais. A percepção de inconstância ou oportunismo político pode afetar a credibilidade do politico que mudou de lado junto ao eleitorado, impactando negativamente na construção de uma base eleitoral sólida e na eficácia da comunicação política. A prática de mudança partidária, especialmente entre pré-candidatos, levanta questões sobre a estabilidade e a consistência das plataformas políticas. A percepção de oportunismo ou inconstância pode prejudicar a credibilidade dos políticos que mudaram de lado e impactar negativamente na decisão dos eleitores. Em suma, a mudança partidária de pré-candidatos aos cargos de vereador, prefeito e vice-prefeitos, embora legal, impõe desafios significativos que demandam uma abordagem crítica e responsável e poderá trazer consequências frustrantes para os pretensos candidatos e para a sociedade que não entenderá as ações dos outrora inimigos, hoje aliados. “Os aliados de hoje podem se tornar os inimigos de amanhã”. Maquiavel