Cronica e arte
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MARIO DE ANDRADE E O MOVIMENTO MODERNISTA
Mentore Conti Mtb 0080415 SP // foto EBC e domínio
público
Jaboticabal, 16 de fevereiro de 2022
Para falarmos em movimento
modernista, é necessário entre
outras fontes, ler de Andrade,
uma das figuras centrais do
movimento e que, em 1942
escreveu sobre a questão.
Em um livro feito de uma
palestra sua, em comemoração
aos vinte anos do movimento,
ele expõe questões
descuradas, não observadas,
até por jornalistas de renome,
sobre a Semana de Arte
Moderna. Neste livro que se
denominou “O Movimento Modernista”, de Andrade nos
diz, que antes da Semana de 1922, autores como
Manuel Bandeira, já usavam do verso Livre (sem
métrica).
De acordo com ele, , ninguém sabe quem realmente deu
a ideia de se realizar a Semana de Arte Moderna. O fato
é que de uma inquietação inicial de vários artistas, entre
eles Guilherme de Almeida, a ideia de movimento
ganhava corpo.
Houve então a exposição de Anita Malfatti, com quadros
expressionistas e cubistas e, toda uma agitação. Aqui
devemos lembrar a severa crítica de Monteiro Lobato,
publicada em jornal, com o Título “Paranoia ou
Mistificação”. Fez com que os ânimos se acirrassem, cada
vez mais.
A ideia de levar as raízes do movimento para o Rio de
Janeiro, e como o grupo de escritores paulistanos, já
tinham lido seus versos, seus poemas, na então Capital
do país, são fatos narrados também neste livro.
Neste livro de Mário
de Andrade ficam
demonstrados os
erros aos quais
incorreu o jornalista
Ruy Castro, na sua
coluna do jornal
“Folha de São Paulo”
do último dia 5 de fevereiro.
Neste artigo Ruy Castro diz em outras palavras, que o
movimento não teve muita repercussão e que a Semana
de Arte Moderna caiu em um ostracismo.
Como escrevi no artigo anterior (ler clicando em link no
final deste artigo), sobre a Semana de Arte Moderna ela
foi um marco, um Klaxon (aqui
usando esta palavra em inglês,
que significa buzina, que foi nome
de uma revista do movimento
modernista a partir de maio de
1922, e que teve nove edições).
Neste livro de Mário de Andrade, o
autor vai explicar isto, com os
detalhes de quem vivenciou o
movimento e explicar que as
ideias modernistas já vinham de
anos anteriores.
Mário de Andrade também nos conta neste livro, como já
tinha todo um trabalho sobre o regionalismo, por parte
de escritores como Monteiro Lobato e como a exposição
de Anita Malfatti, que fez eclodir a Semana de Arte
Moderna, não teria o mesmo impacto no Rio de Janeiro.
O autor nos explica também como concebeu o livro de
poemas “Paulicéia Desvairada”, que foi também um
marco no modernismo brasileiro. Segundo Mário de
Andrade, o título e o livro lhe veio em mente, depois das
críticas e do escândalo familiar, quando ele comprou de
Brecheret o Cristo de Trancinhas”.
Mário de Andrade, nos fala neste livro que a contribuição
do modernismo, não foi criar uma estética, propriamente
dita, mas sim a mudança de espírito do artista a partir
de então, de se desvincular de linhas acadêmicas.
É interessante como Mário de Andrade, neste livro, conta
de seus discursos e declamações, no meio das vaias e
insultos recebidos durante os dias da Semana de Arte
Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo.
Neste livro também o autor nos expõe que o trabalho
que realizaram, foi de certa forma, pouco convincente,
como na questão da “língua brasileira” por exemplo.
Segundo Mário de Andrade a geração da Semana de Arte
Moderna, foi vítima do prazer que tinha da vida e da
festança, onde se desvirilizaram.
Este livro que segue em PDF, logo abaixo deste artigo,
na edição de 1942 é realmente fundamental, para quem
quer entender o que foi a Semana de Arte Moderna de
1922. O leitor pode encontrá-lo também, mas edições
das obras de Mário de Andrade, pela Livraria Martins
Editora no volume “Aspectos da Literatura Brasileira”.
Mário de Andrade que nasceu em 1893, foi poeta,
romancista, contista, folclorista e (oras caro leitor, se
ele era pianista e professor de piano e compôs as
músicas “Minha Viola Quebrada” e “Cabocla Jurema”,
porque não dizer músico também?).
Durante sua atividade intelectual, Mário de Andrade,
criou e dirigiu o
Departamento de
Cultura do Município
de São Paulo,
criando neste
período uma
Biblioteca Circulante
e, para escândalo
geral, abrindo o
Teatro Municipal de
São Paulo ao público em geral.
de Andrade tem em sua obra, um livro fundamental
para quem quiser entender o povo brasileiro. Falo aqui
do romance “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”,
uma obra que baseada em lendas que recolheu, inclusive
no norte do país, traduz o que é a alma e o que pensa a
média da nossa população.
Um livro tão importante quanto “Raízes do Brasil” e
“Visões do Paraiso” de Sergio Buarque de Hollanda, que
também participou do modernismo.
de Andrade foi retirado do cargo de diretor do
Departamento de Cultura do Município de São Paulo
(hoje Secretaria Municipal de Cultura), por causa de
mudanças políticas, (a Revolução de 1930) e acaba
morrendo de desgosto por este fato e pelos rumos que
via no Brasil de então.
de Andrade morre, aos 52 anos incompletos, por causa
de um ataque de angina em 25 de fevereiro de 1945
(ano que o autor tinha previsto para o seu falecimento).