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Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br  Rua São João, 869,  14882-010 Jaboticabal SP
A REVISTA KLAXON E A SEMANA DE ARTE MODERNA Mentore Conti Mtb 0080415 SP (Colaboração especial Ângela Stéfani - Artista Plástica (a) e Perce Polegato - escritor Ribeirão-pretano (b)) // foto EBC e Domínio Público) Jaboticabal, 15 de fevereiro de 2022 A semana de Arte Moderna de 1922, teve como um dos meios de divulgação, a revista Klaxon, uma revista mensal publicada de maio de 1922 a janeiro de 1923. Com um design arrojado para a época, a revista trazia colunistas como Mario de Andrade, Menotti del Picchia, Sergio Buarque de Holanda entre outros. Havia escritores que colaboravam com a revista de Estados como   Sérgio Buarque de Holanda no Rio de Janeiro (que já citamos acima), Joaquim Inojo, no Recife, e do exterior, como Albert Ciana na Suíça, L. Charles Baudouin na França e Roger Avermaete na Bélgica. A revista Klaxon, nome que em inglês significa buzina, indica bem o que foi a Semana de Arte Moderna e a própria revista, ou seja, um alerta para despertar a cultura brasileira a um novo estilo que já não era novo no mundo. Em 1905 nós tivemos o futurismo Russo, que com a revolução Bolchevique e Maiakovski tinha criado um novo estilo de estética e arte. Também na Itália Felippo Tommaso Marinetti em 1910, da impulso ao futurismo Italiano, movimento que depois se incorpora ou é incorporado pelo fascismo italiano que vigorou na Itália de 1920 a 1945. No Brasil Oswald de Andrade em 1912, traz as ideias futuristas de Marinetti ao pais e em 1914 cria o jornal “O Pirralho” e o professor Ernesto Bertarelli, escreve “As lições do futurismo”, estampado pelo O Estado de S. Paulo, onde diz que apesar da linguagem de combate o futurismo seria tido como lógico e benéfico. Este linguajar de combate se vê exatamente, não apenas nos textos dos escritores ou na pintura e escultura, mas também na revista Klaxon. Aliás a definição da klaxon está no seu preâmbulo, na edição de número um: “A lucta começou de verdade em princípios de 1921 pelas columnas do "Jornal do Commercio" e do "Correio Paulistano" Primeiro resultado : "Semana de Arte Moderna" — espécie de Conselho Internacional de Versalhes. Como este, a Semana teve sua razão de ser. Como elle: nem desastre, nem triumpho. Como elle: deu fructos verdes. Houve erros proclamados em voz alta. Pregaram-se idéias inadmissíveis. E' preciso reflectir. E' preciso esclarecer. E' preciso construir. D'ahi, KLAXON”. Esta definição escrita há cem anos atrás e as manifestações que se seguiram na linha do modernismo explicam e mostram o erro de análise do jornalista Ruy Castro, na Folha de São Paulo no último dia 5 de fevereiro de 2022. Neste artigo Ruy Castro diz em outras palavras, que o movimento não teve muita repercussão. Quanto ao ostracismo do modernismo por 50 anos que disse o jornalista da Folha, é fácil explicar. Com a revolução de 1930 de Getúlio Vargas, tudo o que era política e cultura ligada ao coronelismo anterior, foi proscrito, inclusive o trabalho da semana de arte moderna em 1922. Depois disto, a maioria dos políticos que dominavam nossa política de presidente a governadores e etc., eram herdeiros de Getúlio Vargas, incluindo Juscelino Kubitschek e João Goulart e seguindo a linha getulista, mantiveram a Semana de 22 praticamente no esquecimento. Somente em 1972 o presidente Emilio Garrastazu Médici, que fora do movimento tenentista e que, embora tenha feito parte do Governo Getúlio Vargas, provavelmente era admirador da semana de arte moderna, fez com que o governo voltasse a celebrá-la. Se ele foi chefe de governo em um período complicado de combate à guerrilha patrocinada por URSS e Cuba, isto não pode desmerecer, a linha de voltar a celebrar a Semana de 22. O movimento da Semana de Arte Moderna, que durou até a revolução de 1930, (revolução esta que jogou no ostracismo até Mario de Andrade) embora no ostracismo governamental, criou repercussões na arte em vários setores. Mario de Andrade, que criou e dirigiu o Departamento de Cultura da Municipalidade Paulistana, (departamento que deu origem a Secretaria Municipal De Cultura da cidade de São Paulo) e mesmo tendo feito um excelente trabalho, foi tirado do cargo por causa da mudança política que se deu com o andamento da Revolução de 1930.  É inegável os reflexos do modernismo, na música (inclusive a música caipira como já dissemos em outro artigo), no desenvolvimento do cinema, no teatro e na literatura. Na literatura como lembrava outro dia, em conversa sobre o tema do futurismo, o escritor Ribeirão-pretano Perce Polegato, é interessante notar como muitas linhas adotadas por Marinetti na Itália e os modernistas no Brasil, eram contraditórias com a prática que eles com o tempo voltaram a ter, como escritores. Marinetti pregava até, por incrível que pareça a destruição de museus e depois o fascismo que ele mesmo defendeu, manteve e enalteceu a cultura greco- romana, e renascentista. No Brasil o combate à forma e à liberdade do verso, acabou convivendo com a volta do soneto, da Ode e da redondilha. Assim como falamos acima, o modernismo foi realmente, ao menos no Brasil um Klaxon, que alertou nossa sociedade para a mudança literária que surgia com o advento das maquinas cada vez mais modernas, mas não impediu que se usasse inclusive formas literárias de movimentos anteriores. Uma das leitoras do Site Crônica e Arte, disse que seria interessante falar de vários autores que participaram da semana de 1922, o que por ser impossível fazê-lo neste período, este site o fará durante este ano do centenário. Aguardem!!!
foto1: exemplares da revista Klaxon; foto2 Menotti del Picchia; foto3: Mário de Andrade; foto4 \Heitor Villa Lobos - após o textos exemplares (em PDF) de dois números da revista Klaxon
(a) Angela Stéfani é - Profª. História da Arte e Artista Plástica; (b) Perce Polegato - escritor Ribeirão-pretano e faz parte da Casa do Poeta e Escritor de Ribeirão Preto e da UEI, Unão dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto. ir para o artigo: MÁRIO DE ANDRADE E O MOVIMENTO MODERNISTA