Cronica e arte
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A REVISTA KLAXON E A SEMANA DE ARTE MODERNA
Mentore Conti Mtb 0080415 SP (Colaboração especial
Ângela Stéfani - Artista Plástica (a) e Perce Polegato -
escritor Ribeirão-pretano (b)) // foto EBC e Domínio
Público)
Jaboticabal, 15 de fevereiro de 2022
A semana de Arte
Moderna de 1922,
teve como um dos
meios de divulgação, a
revista Klaxon, uma
revista mensal
publicada de maio de
1922 a janeiro de
1923. Com um design
arrojado para a época,
a revista trazia
colunistas como Mario de Andrade, Menotti del Picchia,
Sergio Buarque de Holanda entre outros.
Havia escritores que colaboravam com a revista de
Estados como Sérgio Buarque de Holanda no Rio de
Janeiro (que já citamos acima), Joaquim Inojo, no
Recife, e do exterior, como Albert Ciana na Suíça, L.
Charles Baudouin na França e Roger Avermaete na
Bélgica.
A revista Klaxon, nome que em inglês significa buzina,
indica bem o que foi a Semana de Arte Moderna e a
própria revista, ou seja, um alerta para despertar a
cultura brasileira a um novo estilo que já não era novo
no mundo.
Em 1905 nós tivemos o
futurismo Russo, que
com a revolução
Bolchevique e
Maiakovski tinha criado
um novo estilo de
estética e arte. Também
na Itália Felippo
Tommaso Marinetti em
1910, da impulso ao
futurismo Italiano,
movimento que depois
se incorpora ou é
incorporado pelo
fascismo italiano que
vigorou na Itália de 1920 a 1945.
No Brasil Oswald de Andrade em 1912, traz as ideias
futuristas de Marinetti ao pais e em 1914 cria o jornal “O
Pirralho” e o professor Ernesto Bertarelli, escreve “As
lições do futurismo”, estampado pelo O Estado de S.
Paulo, onde diz que apesar da linguagem de combate o
futurismo seria tido como lógico e benéfico.
Este linguajar de combate se vê exatamente, não
apenas nos textos dos escritores ou na pintura e
escultura, mas também na revista Klaxon.
Aliás a definição da klaxon está no seu preâmbulo, na
edição de número um:
“A lucta começou de verdade em princípios de 1921
pelas columnas do "Jornal do Commercio" e do "Correio
Paulistano" Primeiro resultado : "Semana de Arte
Moderna" — espécie de Conselho Internacional de
Versalhes. Como este, a Semana teve sua razão de ser.
Como elle: nem desastre, nem triumpho. Como elle: deu
fructos verdes. Houve erros proclamados em voz alta.
Pregaram-se idéias inadmissíveis. E' preciso reflectir. E'
preciso esclarecer. E' preciso construir. D'ahi, KLAXON”.
Esta definição escrita há cem anos atrás e as
manifestações que se seguiram na linha do modernismo
explicam e mostram o erro de análise do jornalista Ruy
Castro, na Folha de São Paulo no último dia 5 de
fevereiro de 2022.
Neste artigo Ruy Castro diz em
outras palavras, que o movimento
não teve muita repercussão.
Quanto ao ostracismo do
modernismo por 50 anos que
disse o jornalista da Folha, é fácil
explicar. Com a revolução de 1930
de Getúlio Vargas, tudo o que era
política e cultura ligada ao
coronelismo anterior, foi proscrito,
inclusive o trabalho da semana de
arte moderna em 1922.
Depois disto, a maioria dos
políticos que dominavam nossa
política de presidente a governadores e etc., eram
herdeiros de Getúlio Vargas, incluindo Juscelino
Kubitschek e João Goulart e seguindo a linha getulista,
mantiveram a Semana de 22 praticamente no
esquecimento.
Somente em 1972 o presidente Emilio Garrastazu
Médici, que fora do movimento tenentista e que, embora
tenha feito parte do Governo Getúlio Vargas,
provavelmente era admirador da semana de arte
moderna, fez com que o governo voltasse a celebrá-la.
Se ele foi chefe de governo em um período complicado
de combate à guerrilha patrocinada por URSS e Cuba,
isto não pode desmerecer, a linha de voltar a celebrar a
Semana de 22.
O movimento da Semana de Arte Moderna, que durou
até a revolução de 1930, (revolução esta que jogou no
ostracismo até Mario de Andrade) embora no ostracismo
governamental, criou repercussões na arte em vários
setores.
Mario de Andrade, que criou e dirigiu o Departamento de
Cultura da Municipalidade Paulistana, (departamento que
deu origem a Secretaria Municipal De Cultura da cidade
de São Paulo) e mesmo tendo feito um excelente
trabalho, foi tirado do cargo por causa da mudança
política que se deu com o andamento da Revolução de
1930.
É inegável os
reflexos do
modernismo, na
música (inclusive a
música caipira como
já dissemos em outro
artigo), no
desenvolvimento do
cinema, no teatro e
na literatura.
Na literatura como
lembrava outro dia,
em conversa sobre o
tema do futurismo, o escritor Ribeirão-pretano Perce
Polegato, é interessante notar como muitas linhas
adotadas por Marinetti na Itália e os modernistas no
Brasil, eram contraditórias com a prática que eles com o
tempo voltaram a ter, como escritores.
Marinetti pregava até, por incrível que pareça a
destruição de museus e depois o fascismo que ele
mesmo defendeu, manteve e enalteceu a cultura greco-
romana, e renascentista.
No Brasil o combate à forma e à liberdade do verso,
acabou convivendo com a volta do soneto, da Ode e da
redondilha. Assim como falamos acima, o modernismo
foi realmente, ao menos no Brasil um Klaxon, que
alertou nossa sociedade para a mudança literária que
surgia com o advento das maquinas cada vez mais
modernas, mas não impediu que se usasse inclusive
formas literárias de movimentos anteriores.
Uma das leitoras do Site Crônica e Arte, disse que seria
interessante falar de vários autores que participaram da
semana de 1922, o que por ser impossível fazê-lo neste
período, este site o fará durante este ano do centenário.
Aguardem!!!
foto1: exemplares da revista Klaxon; foto2
Menotti del Picchia; foto3: Mário de
Andrade; foto4 \Heitor Villa Lobos - após o
textos exemplares (em PDF) de dois
números da revista Klaxon
(a) Angela Stéfani é - Profª. História da Arte e Artista
Plástica;
(b) Perce Polegato - escritor Ribeirão-pretano e faz parte
da Casa do Poeta e Escritor de Ribeirão Preto e da UEI,
Unão dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto.
ir para o artigo: MÁRIO DE ANDRADE E O MOVIMENTO
MODERNISTA