Home Música Noticias Literatura Contatto Serviços Pagina 8 Livros Outros...
Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br  Rua São João, 869,  14882-010 Jaboticabal SP
HÁ CEM ANOS ESCRITORES, MÚSICOS E ARTISTAS PLÁSTICOS PAULISTANOS REALIZARAM A SEMANA DE ARTE MODERNA Por Mentore Conti Mtb 0080415 SP // fotos domínio público Jaboticabal, 11 de fevereiro de 2022 O início da semana de arte Moderna completará neste dia 13 de fevereiro 100 anos. O evento que se desenvolveu no Tetro Municipal de São Paulo, de 13 a 17 de fevereiro de 1922 e que teve a participação de poetas como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pichia e ainda com Villa Lobos, Anita |Malfatti entre outros, cria uma ruptura com a escola anterior, o Simbolismo e mesmo com o parnasianismo que era anterior ao simbolismo. Entre o modernismo e o simbolismo nós tivemos um pré- modernismo, no qual figuram autores como Euclides da Cunha que escreveu Os Sertões; Lima Barreto que escreveu Triste Fim de Policarpo Quaresma e Monteiro Lobato, autor do Sítio do Pica Pau Amarelo, do personagem Jeca Tatu, entre outras obras. Aliás segundo alguns modernistas Monteiro Lobato somente não entrou na Semana de Arte Moderna, por ter criticado violentamente Anita Malfatti, com sua exposição, que ocorrera um pouco antes da semana de 22. Já Mario de Andrade que visitara a mesma exposição e ficara chocado com o quadro o Homem Amarelo (foto ao lado), entra no movimento e se torna um de seus principais autores. Durante a semana, patrocinada pelo governo Estadual, o público de início não recebe bem o novo estilo e aparecem as vaias. Como aconteceu com Mario de Andrade, que ao falar sobre o movimento em uma das exposições, é vaiado, mas como ele continuasse e a exposição do tema era um pouco longo as vaias cessaram e o artista não perde tempo e diz para a plateia: Se não houver vaias eu não falo mais!!!! Assim que as vaias recomeçam ele Mario de Andrade continua e termina a exposição sobre o novo movimento. O estilo do modernismo que rompe com outras escolas e pode ser subdividido em três gerações, por assim dizer. A 1ª Geração (1922 - 1930) usa da linguagem coloquial e livre (poesia sem rimas nem métrica, totalmente livre e despreocupada com a gramática), com temas inspirados no cotidiano das pessoas. Neste ponto se destacam Mário de Andrade, (foto ao lado) Oswald de Andrade (foto logo abaixo) e Manuel Bandeira. Na 2ª Geração (1930 - 1945) temos uma prosa regionalista. A linguagem usada nos livros possui as características de suas regiões. Nesta fase encontramos Graciliano Ramos (autor de Vidas Secas), Jorge Amado (autor de Capitães de Areia), Rachel de Queiroz (autora de O Quinze) e José Lins do Rego (autor de Fogo Morto). Poetas: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes. Já na 3º Geração (1945 - 1960), temos os romances urbanos, regionalistas e intimistas. Clarice Lispector (autora de Laços de Família), Guimarães Rosa (autor de Grande Sertão Veredas), João Cabral de Melo Neto (autor de Morte e Vida Severina), Nelson Rodrigues (no teatro). Nesta época também nascia ou se fortalecia o cinema que também foi influenciado pela nova escola. O movimento modernista tem inspiração direta do futurismo italiano que tinha ocorrido em 1909 liderado por Felippo Tommaso Marinetti, poeta, que lançou o movimento. Anita Malfatti e Oswald de Andrade tiveram contato com o movimento italiano e com Marinetti, trazem estas ideias ao Brasil, e criam a base para o movimento iniciado aqui em 1922. Vemos que antigamente, apesar do radicalismo político que existia, já que a revolução bolchevique na Rússia tinha eclodido, quatro anos antes, e o fascismo italiano surgido em 1921, um ano antes do Modernismo no Brasil e que governaria a Itália até 1945, não impediu que artistas brasileiros, os modernistas, usassem do futurismo de Marinetti. Marinetti, junto com Gentile, Alfredo Rocco e Gabriele D’annunzio, fazem um movimento para uma construção de uma Itália moderna, ao qual se juntará o jornalista e político Benito Mussolini que deu origem ao fascismo. Neste período como vemos em história italiana, Marinetti afirma que o futurismo é o braço cultural do fascismo. Ao contrário do que ocorreu na Itália, o movimento modernista não aderiu especificamente a correntes políticas, nem quando teve início, em 1922 ou mesmo nas gerações seguintes onde tínhamos artistas comunistas e que poderiam estar ligado ao futurismo Russo, que teve como expoente Wladimir Maiakovski. O movimento modernista no Brasil usou do nacionalismo e regionalismo nas obras produzidas e toda uma estética moderna. Na pintura por exemplo, o estilo foge do retratisimo e de reproduções fieis do ambiente que o artista via, como se vê na obra de Anita Malfatti (foto ao lado) e isto aconteceu também por causa do avanço da fotografia cada vez mais perfeita, (fotografia em película com máquinas que primavam pelo foco, claridade e velocidade usando lentes que tiravam a distorção da imagem). Para enterdermos a extensão que as ideias da Semana de Arte Moderna teve, mesmo para artistas e pessoas ligadas à cultura, mas nao diretamente ao Movimento da Semana de Arte Moderna, temos o trabalho em São Paulo do jornalista e folclorista Cornélio Pires, que a partir de 1929 (Sete anos após o movimento de 22), viajando para campinas, Piracicaba Taubaté e região, recolhia música como embolada, samba rural paulista etc., gravava e divulgava em rádios e na venda de discos. Este trabalho de Cornélio Pires, dá origem à musica caipira. (o que será no Crônica e Arte uma matéria a parte). A semana de arte moderna, foi sem dúvida nenhuma um marco nas artes no Brasil, trazendo, não somente inovações de estilo, mas toda uma cultura brasileira que por décadas era marginalizada no pais.