Cronica e arte
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HÁ CEM ANOS ESCRITORES, MÚSICOS E ARTISTAS
PLÁSTICOS PAULISTANOS REALIZARAM A SEMANA DE
ARTE MODERNA
Por Mentore Conti Mtb 0080415 SP // fotos domínio
público
Jaboticabal, 11 de fevereiro de 2022
O início da semana
de arte Moderna
completará neste
dia 13 de fevereiro
100 anos. O
evento que se
desenvolveu no
Tetro Municipal de
São Paulo, de 13 a
17 de fevereiro de
1922 e que teve a participação de poetas como Mario de
Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pichia e ainda
com Villa Lobos, Anita |Malfatti entre outros, cria uma
ruptura com a escola anterior, o Simbolismo e mesmo
com o parnasianismo que era anterior ao simbolismo.
Entre o modernismo e o simbolismo nós tivemos um pré-
modernismo, no qual figuram autores como Euclides da
Cunha que escreveu Os Sertões; Lima Barreto que
escreveu Triste Fim de Policarpo Quaresma e Monteiro
Lobato, autor do Sítio do Pica Pau Amarelo, do
personagem Jeca Tatu, entre outras obras.
Aliás segundo alguns modernistas Monteiro Lobato
somente não entrou na Semana de Arte Moderna, por
ter criticado violentamente Anita Malfatti, com sua
exposição, que ocorrera um pouco antes da semana de
22.
Já Mario de Andrade que visitara a
mesma exposição e ficara chocado
com o quadro o Homem Amarelo
(foto ao lado), entra no movimento
e se torna um de seus principais
autores.
Durante a semana, patrocinada
pelo governo Estadual, o público de
início não recebe bem o novo estilo
e aparecem as vaias. Como
aconteceu com Mario de Andrade, que ao falar sobre o
movimento em uma das exposições, é vaiado, mas como
ele continuasse e a exposição do tema era um pouco
longo as vaias cessaram e o artista não perde tempo e
diz para a plateia:
Se não houver vaias eu não falo mais!!!!
Assim que as vaias recomeçam ele Mario de Andrade
continua e termina a exposição sobre o novo movimento.
O estilo do modernismo que rompe com outras escolas e
pode ser subdividido em três gerações, por assim dizer.
A 1ª Geração (1922 - 1930) usa da linguagem coloquial
e livre (poesia sem rimas nem métrica, totalmente livre
e despreocupada com a gramática), com temas
inspirados no cotidiano das pessoas.
Neste ponto se destacam Mário de
Andrade, (foto ao lado) Oswald de
Andrade (foto logo abaixo) e
Manuel Bandeira.
Na 2ª Geração (1930 - 1945)
temos uma prosa regionalista. A
linguagem usada nos livros possui
as características de suas regiões.
Nesta fase encontramos Graciliano
Ramos (autor de Vidas Secas),
Jorge Amado (autor de Capitães
de Areia), Rachel de Queiroz
(autora de O Quinze) e José Lins
do Rego (autor de Fogo Morto).
Poetas: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e
Vinícius de Moraes.
Já na 3º Geração (1945 - 1960), temos os romances
urbanos, regionalistas e intimistas. Clarice Lispector
(autora de Laços de Família), Guimarães Rosa (autor de
Grande Sertão Veredas), João Cabral de Melo Neto
(autor de Morte e Vida Severina), Nelson Rodrigues (no
teatro).
Nesta época também
nascia ou se fortalecia
o cinema que também
foi influenciado pela
nova escola. O
movimento
modernista tem
inspiração direta do
futurismo italiano que tinha ocorrido em 1909 liderado
por Felippo Tommaso Marinetti, poeta, que lançou o
movimento.
Anita Malfatti e Oswald de Andrade tiveram contato com
o movimento italiano e com Marinetti, trazem estas
ideias ao Brasil, e criam a base para o movimento
iniciado aqui em 1922.
Vemos que antigamente, apesar do radicalismo político
que existia, já que a revolução bolchevique na Rússia
tinha eclodido, quatro anos antes, e o fascismo italiano
surgido em 1921, um ano antes do Modernismo no Brasil
e que governaria a Itália até 1945, não impediu que
artistas brasileiros, os modernistas, usassem do
futurismo de Marinetti.
Marinetti, junto com Gentile,
Alfredo Rocco e Gabriele
D’annunzio, fazem um movimento
para uma construção de uma Itália
moderna, ao qual se juntará o
jornalista e político Benito
Mussolini que deu origem ao
fascismo.
Neste período como vemos em
história italiana, Marinetti afirma
que o futurismo é o braço cultural
do fascismo.
Ao contrário do que ocorreu na Itália, o movimento
modernista não aderiu especificamente a correntes
políticas, nem quando teve início, em 1922 ou mesmo
nas gerações seguintes onde tínhamos artistas
comunistas e que poderiam estar ligado ao futurismo
Russo, que teve como expoente Wladimir Maiakovski.
O movimento modernista no Brasil usou do nacionalismo
e regionalismo nas obras produzidas e toda uma estética
moderna.
Na pintura por exemplo,
o estilo foge do
retratisimo e de
reproduções fieis do
ambiente que o artista
via, como se vê na obra
de Anita Malfatti (foto ao
lado) e isto aconteceu
também por causa do
avanço da fotografia
cada vez mais perfeita,
(fotografia em película
com máquinas que
primavam pelo foco,
claridade e velocidade
usando lentes que tiravam a distorção da imagem).
Para enterdermos a extensão que as ideias da Semana
de Arte Moderna teve, mesmo para artistas e pessoas
ligadas à cultura, mas nao diretamente ao Movimento da
Semana de Arte Moderna, temos o trabalho em São
Paulo do jornalista e folclorista Cornélio Pires, que a
partir de 1929 (Sete anos após o movimento de 22),
viajando para campinas, Piracicaba Taubaté e região,
recolhia música como embolada, samba rural paulista
etc., gravava e divulgava em rádios e na venda de
discos. Este trabalho de Cornélio Pires, dá origem à
musica caipira. (o que será no Crônica e Arte uma
matéria a parte).
A semana de arte moderna, foi sem dúvida nenhuma um
marco nas artes no Brasil, trazendo, não somente
inovações de estilo, mas toda uma cultura brasileira que
por décadas era marginalizada no pais.