Cronica e arte
CRONICA E ARTE CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com
Rua São João, 869, 14882-010 Jaboticabal SP
NESTE DIA 31, COMPLETA 117 ANOS DE NASCIMENTO
DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Mentore Conti Mtb 0080415 SP // foto Crônica e Arte
Jaboticabal, 31 de outubro de 2019
Neste último dia de
outubro, dia 31, há 117
anos atrás, nascia o
poeta Carlos Drummond
de Andrade. Mineiro de
Itabira, Drummond é
considerado um dos
maiores poetas da
segunda fase do
modernismo brasileiro no século 20. Carlos Drummond estudou
no Colégio Arnaldo em Belo Horizonte e no Colégio Anchieta
dos Jesuítas em Nova Friburgo RJ e se formou em farmácia
Universidade Federal de Minas Gerais.
Somente em 1930 é que publicou sua primeira obra poética, o
livro "alguma poesia". O poeta colaborou em seminários como o
mundo literário de 1946 a 1948, e além de poeta foi cronista e
escreveu livros infantis. Como cronista escreveu no jornal Folha
de São Paulo, vindo a falecer, em 1987 em 17 de agosto, de
infarto, 12 dias depois de sua filha, Maria Julieta Drummond de
Andrade.
O seu primeiro filho Meu filho morreu ainda no início do
casamento meia hora depois de nascer, na época da morte do
primeiro filho, Carlos Flávio, Drummond dedicou ele um poema
denominado O que viveu meia hora, que transcrevemos abaixo
O Que Viveu Meia Hora
Nascer para não viver
só para ocupar
estrito espaço numerado
ao sol-e-chuva
que meticulosamente vai delindo
o número
enquanto o nome vai-se autocorroendo
na terra, nos arquivos
na mente volúvel ou cansada
até que um dia
trilhões de milênios antes do Juízo Final
não reste em qualquer átomo
nada de um hipótese de existência.
Carlos Drummond de
Andrade Segue o
verso Livre, seguindo
inteiramente a
proposta de Mário de
Andrade e Oswald de
Andrade e faz parte
de uma corrente mas
objetiva e concreta
dentro do
modernismo.
Drummond foi funcionário público por mais de 40 anos,
iniciando a sua carreira em Minas Gerais e depois chegando a
chefe de gabinete do Ministério da Educação e Saúde pública
em 1934 participando de um governo que não era do seu
agrado, o de Getúlio Vargas. Depois trabalhou no Serviço De
Patrimônio Histórico E Artístico Nacional.
Autor de uma vasta obra encontramos em Carlos Drummond de
Andrade, poemas como:
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu
Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Ou poemas como:
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
No Brasil do século 21 dominado por celulares tabletes e
computadores, a juventude acaba deixando um pouco de lado
as obras de Carlos Drummond de Andrade ou autores como ele.