Cronica e arte
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UM CAVALO É ENCARCERADO
Uma crônica de Mentore Conti foto reprodução do site
G1
Eis que zapeando os jornais,
Joaquim, como fazia em
algumas partes do dia, se
deparou com uma notícia
insólita. Um cavalo tinha sito
preso por uma noite em um
delegacia, por ter dado um coice em um automóvel e
ter causado danos.
De início Joaquim, no auge dos seus 60 anos, mesmo
já tendo visto muita coisa, duvidou do par de óculos
que tinha, tirou-os e os limpou. Quando voltou ao
texto lá estava a manchete: “Cavalo é ‘preso’ e passa
a noite em delegacia de Sergipe”.
Nosso personagem é um comerciante, que iniciou a
atividade na década de 70 e na época, com o reflexo
dos hippies, já ia de moda o uso de drogas e, muitos
artistas eram usuários e faziam até uma certa apologia
do uso, mas ele Joaquim não se lembrava de ter visto
algo como o que acabara de ler:
Um cavalo preso em uma delegacia.
Oras vejam só, seria possível não ser uma notícia
falsa? Destas que agora se esta denominando
Fakenews? Em todo o caso, diante de tal nota de
jornal, o melhor era sair um pouco da frente do
computador e quem sabe quando voltasse, haveria
outra nota explicando o equívoco do repórter.
Levantou-se, foi tomar um café e uma agua e de
passagem pelas gondolas da loja, viu um comentário
em tom de riso: uma mulher de ombros arqueados
sobre o celular, como virou moda e costume hoje,
exclamou: nossa prenderam um cavalo numa
delegacia!!
Neste ponto Joaquim chegou por uns instantes a
pensar: ela vai se dar conta de que a noticia é falsa.
Quando voltava do café, já confiante de que uma
segunda noticia desmentisse a primeira, ele se
deparou com uma reportagem de televisão, falando
sobre o caso, dando detalhes e até a confirmação de
uma autoridade envolvida no caso.
Um cavalo preso em delegacia... mas até onde ele
Joaquim se entendia por gente, as leis penais, fóruns e
delegacias eram para pessoas, gente, destas que
nascem e vivem em sociedade. Será que tinha havido
uma mudança tão drástica assim se ninguém se dera
conta?
Que ele Joaquim tinha visto alguns cavalos
governando... legislando, lá isto era verdade, mas não
que fossem um quadrupedes propriamente dito, eram
alguns até burros, mas em um sentido figurado.
Ele mesmo depois de ter cometido alguma grosseria,
tinha tido ocasião de pensar: nossa fui um cavalo! Mas
isto até então, era sempre assim em sentido figurado.
Com estes pensamentos ele voltou ao seu lugar e
convencido de que, se até mesmo um bêbado
desvairado, chega a ocupar altos cargos e até mesmo
a presidência de um pais. E que o eleitor já chegou a
votar maciçamente em um rinoceronte na maior cidade
do pais, ele Joaquim tinha que achar normal um cavalo
que comete o crime de coice e vai preso.
Joaquim ainda tentou imaginar como seria feito o
interrogatório, ou a audiência de custódia no caso, mas
deixou o assunto de lado e voltou a seus afazeres.
jaboticabal, 16 de
novembro de 2017