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Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br Rua São João 869,  148882-010 Jaboticabal SP
UM CAVALO É ENCARCERADO Uma crônica de Mentore Conti foto reprodução do site G1 Eis que zapeando os jornais, Joaquim, como fazia em algumas partes do dia, se deparou com uma notícia insólita. Um cavalo tinha sito preso por uma noite em um delegacia, por ter dado um coice em um automóvel e ter causado danos. De início Joaquim, no auge dos seus 60 anos, mesmo já tendo visto muita coisa, duvidou do par de óculos que tinha, tirou-os e os limpou. Quando voltou ao texto lá estava a manchete: “Cavalo é ‘preso’ e passa a noite em delegacia de Sergipe”. Nosso personagem é um comerciante, que iniciou a atividade na década de 70 e na época, com o reflexo dos hippies, já ia de moda o uso de drogas e, muitos artistas eram usuários e faziam até uma certa apologia do uso, mas ele Joaquim não se lembrava de ter visto algo como o que acabara de ler: Um cavalo preso em uma delegacia. Oras vejam só, seria possível não ser uma notícia falsa? Destas que agora se esta denominando Fakenews? Em todo o caso, diante de tal nota de jornal, o melhor era sair um pouco da frente do computador e quem sabe quando voltasse, haveria outra nota explicando o equívoco do repórter. Levantou-se, foi tomar um café e uma agua e de passagem pelas gondolas da loja, viu um comentário em tom de riso: uma mulher de ombros arqueados sobre o celular, como virou moda e costume hoje, exclamou: nossa prenderam um cavalo numa delegacia!! Neste ponto Joaquim chegou por uns instantes a pensar: ela vai se dar conta de que a noticia é falsa. Quando voltava do café, já confiante de que uma segunda noticia desmentisse a primeira, ele se deparou com uma reportagem de televisão, falando sobre o caso, dando detalhes e até a confirmação de uma autoridade envolvida no caso. Um cavalo preso em delegacia... mas até onde ele Joaquim se entendia por gente, as leis penais, fóruns e delegacias eram para pessoas, gente, destas que nascem e vivem em sociedade. Será que tinha havido uma mudança tão drástica assim se ninguém se dera conta? Que ele Joaquim tinha visto alguns cavalos governando... legislando, lá isto era verdade, mas não que fossem um quadrupedes propriamente dito, eram alguns até burros, mas em um sentido figurado. Ele mesmo depois de ter cometido alguma grosseria, tinha tido ocasião de pensar: nossa fui um cavalo! Mas isto até então, era sempre assim em sentido figurado. Com estes pensamentos ele voltou ao seu lugar e convencido de que, se até mesmo um bêbado desvairado, chega a ocupar altos cargos e até mesmo a presidência de um pais. E que o eleitor já chegou a votar maciçamente em um rinoceronte na maior cidade do pais, ele Joaquim tinha que achar normal um cavalo que comete o crime de coice e vai preso. Joaquim ainda tentou imaginar como seria feito o interrogatório, ou a audiência de custódia no caso, mas deixou o assunto de lado e voltou a seus afazeres.
jaboticabal, 16 de novembro de 2017