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Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br Rua São João 869,  14882-010 Jaboticabal SP
AUGUSTO DOS ANJOS: UM POUCO DA SUA VIDA E SUA OBRA Uma vida de luta, sofrimento e poesia Mentore Conti Mtb 0080415 SP fotos Dominio Publico, Jornal Leopoldina e Unicamp (no final do artigo um poema de Augusto dos Anjos) Jaboticabal, 6 de novembro de 2022 A degeneração e fraqueza do corpo que advém com a idade, a solidão, a ingratidão, …a miséria humana. Estes temas tão modernos e que muitas vezes, pensamos ser uma preocupação e discussão contemporânea, foram, na realidade, os temas dos poemas de Augusto dos Anjos. Corria o ano de 1914 e um professor que morrera em Leopoldina MG ia ser sepultado. No cortejo o diretor do Colégio, familiares e conhecidos. Durante o enterro uma chuva cai na cidade e quem acompanhava o enterro teve que rapidamente se abrigar. Augusto dos Anjos, diretor da escola, que pouco tempo antes assumira o cargo, acaba se molhando e fica doente. A doença evolui para uma pneumonia dupla e naquele 12 de novembro de 1914, sem remédios e nem penicilina, que seria descoberta 14 anos depois, em quatro meses, ele diretor do colégio vem a falecer com apenas 30 anos de idade. Mas paremos por ora, nossa história aqui, para voltar no tempo, de alguns anos, da data em que este grande poeta brasileiro, pouco reconhecido em sua terra natal, e mesmo no Rio de Janeiro vem a falecer. Augusto dos Anjos, um poeta e, como todos os grandes poetas, esteve a frente de seu tempo. Nascido no Engenho de Pau D’ Arco em 20 de abril de 1884, Vila do Espírito Santo, atual município de Sapé, na Paraíba, era de família bem posicionada, inclusive financeiramente. Mas a época era de mudanças e os engenhos fechavam, paravam, e com suas fornalhas agora já apagadas, eram chamadas de “fogo morto” (como bem reportou em seu romance Fogo Morto, José Lins do Rego) e dando lugar às usinas. Na virada do Século, mais precisamente em 1907 Augusto dos Anjos forma-se em Direito em Recife, mas a vocação de poeta fala mais alto e ele, acaba se tornando professor na Capital Paraibana e desfruta então de forte amizade com o presidente da província que era João Lopes Machado. Quando quis lançar seu livro, viu que o lançamento teria mais repercussão se ele, Augusto dos Anjos, estivesse no Rio de Janeiro, então Capital Federal do país. Indo até o presidente da província (na época cada Estado era chamado província e seu governante. Presidente), Joao Lopes Machado não aceitou que o poeta se afastasse com vencimentos. O motivo real da recusa não se sabe, mas Augusto dos Anjos atuava como professor no Liceu da Capital e era muito bem quisto na cidade da Paraíba (hoje Joao Pessoa), e talvez sua presença junto ao Presidente da província dava prestigio a este governante. O fato é que o Presidente da Paraíba se recusa e a conversa vira uma discussão, sendo que João Lopes Machado disse pra que Augusto dos Anjos não lhe amolasse mais com este assunto. O poeta então vai para casa e anuncia a mulher que eles irão parta o Rio de Janeiro, e na manhã seguinte partem no primeiro navio que tem à disposição e então o Presidente da Província o demite. Depois de uma viagem com incertezas e sonhos e na busca de seu espaço como poeta que era, Augusto desembarca na Capital Federal e se instala em uma pensão, com sua mulher, Ester Fialho, grávida de 2 meses. Sua atividade no Rio não sai como imaginara, e trabalha com aulas particulares e depois é nomeado no Colégio D Pedro II, como professor substituto. A penúria é grande como narra um seu amigo, também paraibano. Havia no Rio de Janeiro naquele final de 1910, mais precisamente, em outubro, uma mudança de governo, e aconteceu também a Revolta da Chibata, quando o Marinheiro João Candido, cria um motim para que a Marinha deixe de ter em seu código a pena da chibata a que era submetido os marinheiros indisciplinados. Os marinheiros amotinados ameaçam bombardear a Capital. Depois a revolta se resolve com o fim da punição e prisão dos revoltosos. A cidade a pouco tivera uma reforma urbana e tinha muita febre amarela, sendo uma cidade insalubre. Claro que este ambiente, leva nosso poeta a repensar ainda mais na tragédia humana. Junta-se a isto a morte prematura de seu primeiro filho. Augusto dos Anjos já tinha passado por tragédias pessoais, perdera a mãe aos 7 anos, e tinha perdido das condições boas da infância, com a decadência dos engenhos que descrevemos antes, isto fez com que ele, Augusto dos Anjos, na época em que estudava em Recife, Pernambuco, lesse autores como Schopenhauer, Spencer, entre outros, na busca do mistério do sofrimento e da tragédia. Em 1912 Augusto dos Anjos, publica seu único livro “EU” e seu irmão financia a edição. Por causa da penúria que passa, Augusto dos Anjos tenta ser vendedor de seguros, mas não obtém resultado. Quando o livro sai editado a crítica não o recebe bem, chamando os poemas de literatura mau gosto. Afinal em uma época onde os poemas em grande parte da literatura brasileira, tinham temas falando de felicidade, de um mundo de sonhos, Augusto dos Anjos, tem um estilo mórbido e ácido, trazendo temas e questões não antes levantadas na literatura, muito menos com a intensidade em que escreve. Autores renomados o rejeitam como Olavo Bilac. Augusto dos Anjos, escreve de modo parnasiano, mas tem um viés modernista, afinal não nos esqueçamos que o futurismo na Rússia surgiu em 1905 com Maiakovski e na Itália em 1910, com Marinetti, mas disto falaremos em outra oportunidade. A penúria era tanta que chegou a mudar de casa dez vezes em um ano para tentar pagar menos aluguel, em época de reajustes. Em 1914 um concunhado seu, Romulo Pacheco conseguiu junto a Ribeiro Junqueira, Deputado da região de Leopoldina MG, que Augusto dos Anjos fosse nomeado ao cargo de Diretor do Grupo Escolar de Leopoldina. A sorte parecia mudar para o poeta, que na cidade sempre levou uma vida modesta, mas o salário, ainda que não fosse muito grande, fazia frente as despesas familiares que tinha. O restante da história de Augusto dos Anjos e, como a sorte lhe foi madrasta, já contamos no início do artigo. Segundo o Secretário de Cultura atual de Leopoldina, Alexandre Moreira, depois da morte do poeta, o diretor que o substituiu, veio a se casar com a viúva de Augusto dos Anjos e passou, vendo a qualidade dos poemas, a fazer grupos de estudos sobre o escritor. Alexandre Moreira disse, em conversa e entrevista com a editoria deste Site/Jornal, que foi a partir destes grupos de estudos que as obra de Augusto dos Anjos passou a ser difundida e, na medida que os alunos passavam a ter suas profissões, esta obra foi mais divulgada ainda. Além disto seus poucos amigos no Rio de Janeiro e mesmo Gilberto Freire, trabalharam na divulgação da obra do autor. Nas vésperas de falecer ele deixou outros poemas organizados, que nas edições seguintes de EU, foram publicados como Eu & outras poesias. Anualmente Leopoldina MG realiza a Semana anjosiana, da qual falaremos mais neste jornal e também em outros artigos abordaremos analises e aspectos da obra de Augusto dos Anjos. Com este artigo então, damos inicio a esta coluna sobre Augusto dos Anjos;    
Clique na foto ao lado e leia o poema Psicologia de um venncido de Augusto dos Anjos
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