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Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br Rua São João 869,  14882-010 Jaboticabal SP
A POLÍTICA E AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO BRASIL Mentore Conti Mtb 0080415 SP // foto EBC e domínio publico Jaboticabal, 17 de outubro de 2021 Corria o ano de 1964, mais precisamente no dia 25 de Março e um grupo de marinheiros realizava uma reunião comemorativa do segundo aniversário da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, entidade considerada ilegal pelos oficiais militares.  Já no dia 26 e 27, conseguiu-se uma negociação para que os marinheiros deixassem o local.   Durante a reunião os marinheiros defendiam as reformas de base que João Goulart queria promover e ainda melhorias ao trabalho dos marinheiros.  No dia 27 João Goulart anistia os marinheiros que participaram da reunião, o que deixou descontente os militares. Um dos Marinheiros que participou da reunião me disse pessoalmente há muitos anos, que veio a informação que eles deveriam se entregar para que não houvesse derramamento de sangue. Quatro dias depois o governo João Goulart está deposto e exatamente para não haver derramamento de sangue, ele joao Goulart, pede para que os  militares que eram Aliados aí não reagissem. Este fato que foi a gota d'água contra hierarquia do militarismo no Brasil, foi antecedido por todo uma série de erros do governo João Goulart, de se aproximar do Partido Comunista Brasileiro (na época ligado a URSS), da China comunista e o governo cubano, permitindo inclusive treinamento militar de camponeses nas ligas camponesas de Pernambuco. Setenta e cinco anos antes desse fato, em 1889, o Brasil muda de Império para república, depois que os militares aderem ao movimento  republicano, que já lutava contra a monarquia usando como ponto de partida a condenação de dois bispos católicos pelo império. Na época o Coronel Cunha Matos em 1886, fez críticas ao ministro da Guerra por causa de um projeto de reforma na aposentadoria dos militares e foi punido com advertência e detenção provisória.   Pouco antes o Tenente Coronel Sena Madureira tinha feito uma crítica contra a escravidão, admitida pelo Império Brasileiro e foi punido com a transferência para o Rio Grande do Sul, do cargo que tinha no Rio de Janeiro, então capital do país. Depois desses dois fatos Marechal Deodoro adere ao projeto de república e acaba dando um golpe contra Dom Pedro II, em 15 de novembro de 1889.  Esses dois fatos da questão militar para a proclamação da republica, já vinham de uma má vontade com exército desde a época da guerra do Paraguai, quando muitos políticos prejudicavam o exército durante a guerra, com pouco dinheiro destinado a luta que durou de 1864 a 1872, como nos relata Nelson Werneck Sodré. Estou citando essas questões por que vemos nos dias de hoje, o Senado Federal afrontar, não somente o Presidente da República, mas também mais uma vez, como fez João Goulart em 1964 e Dom Pedro II em 1889, afrontar também o exército brasileiro. Com estas afrontas estamos deixando a cadeira do Poder vazia e estamos esquecendo, que o poder não fica vazio e que no jogo da política também existe o jogo da força. Seria lamentável por causa de uma vaidade de fazer parte de uma CPI, se jogar todo o trabalho para consolidar as instituições no Brasil, e se abrir espaço para que haja uma mudança de governo e uma ruptura institucional.  Em política não podemos falar que não existe perigo de ruptura institucional, porque a democracia no Brasil é sólida e está consolidada. Em política cada jogo pode derrubar o poder de um governante, cada passo pode fazer com que o governo caia, como aconteceu nos exemplos que eu citei acima e, como quase aconteceu na Itália (onde aparentemente existe uma estabilidade democrática) no período de 1966 ou em 1978. Na época na Itália, houve o perígo de um golpe de estado. Esse período na Itália é chamado época da Estratégia da tensão.  Exemplos não faltam de jogos políticos errados que causam abertura para mudança de governo. Assim para paz das Mães, no dizer do escritor João Guimarães Rosa em seus livros e textos, nós devemos tomar muito cuidado, já que a América Latina é um continente, e o Brasil um país onde a própria população gosta de governos autoritários e não de democracia. Por mais que muitos jornais queiram falar o contrário, o perigo de uma mudança de governo existe sim desde que não se trabalhe com todo o cuidado que se deve trabalhar nesta área de política.
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