Cronica e arte
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A POLÍTICA E AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO
BRASIL
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publico
Jaboticabal, 17 de outubro de 2021
Corria o ano de 1964,
mais precisamente no dia
25 de Março e um grupo
de marinheiros realizava
uma reunião
comemorativa do segundo
aniversário da Associação
dos Marinheiros e
Fuzileiros Navais,
entidade considerada ilegal pelos oficiais militares. Já no
dia 26 e 27, conseguiu-se uma negociação para que os
marinheiros deixassem o local.
Durante a reunião os marinheiros defendiam as
reformas de base que João Goulart queria promover e
ainda melhorias ao trabalho dos marinheiros.
No dia 27 João Goulart anistia os marinheiros que
participaram da reunião, o que deixou descontente os
militares. Um dos Marinheiros que participou da reunião
me disse pessoalmente há muitos anos, que veio a
informação que eles deveriam se entregar para que não
houvesse derramamento de sangue.
Quatro dias depois o governo João Goulart está deposto
e exatamente para não haver derramamento de sangue,
ele joao Goulart, pede
para que os militares
que eram Aliados aí
não reagissem.
Este fato que foi a
gota d'água contra
hierarquia do
militarismo no Brasil,
foi antecedido por todo uma série de erros do governo
João Goulart, de se aproximar do Partido Comunista
Brasileiro (na época ligado a URSS), da China comunista
e o governo cubano, permitindo inclusive treinamento
militar de camponeses nas ligas camponesas de
Pernambuco.
Setenta e cinco anos antes desse fato, em 1889, o Brasil
muda de Império para república, depois que os militares
aderem ao movimento republicano, que já lutava contra
a monarquia usando como ponto de partida a
condenação de dois bispos católicos pelo império.
Na época o Coronel Cunha Matos em 1886, fez críticas
ao ministro da Guerra por causa de um projeto de
reforma na aposentadoria dos militares e foi punido com
advertência e detenção provisória. Pouco antes o
Tenente Coronel Sena Madureira tinha feito uma crítica
contra a escravidão, admitida pelo Império Brasileiro e
foi punido com a transferência para o Rio Grande do Sul,
do cargo que tinha no Rio de Janeiro, então capital do
país.
Depois desses dois fatos Marechal Deodoro adere ao
projeto de república e acaba dando um golpe contra
Dom Pedro II, em 15
de novembro de
1889.
Esses dois fatos da
questão militar para
a proclamação da
republica, já vinham
de uma má vontade
com exército desde a
época da guerra do Paraguai, quando muitos políticos
prejudicavam o exército durante a guerra, com pouco
dinheiro destinado a luta que durou de 1864 a 1872,
como nos relata Nelson Werneck Sodré.
Estou citando essas questões por que vemos nos dias de
hoje, o Senado Federal afrontar, não somente o
Presidente da República, mas também mais uma vez,
como fez João Goulart em 1964 e Dom Pedro II em
1889, afrontar também o exército brasileiro.
Com estas afrontas estamos deixando a cadeira do Poder
vazia e estamos esquecendo, que o poder não fica vazio
e que no jogo da política também existe o jogo da força.
Seria lamentável por causa de uma vaidade de fazer
parte de uma CPI, se jogar todo o trabalho para
consolidar as instituições no Brasil, e se abrir espaço
para que haja uma mudança de governo e uma ruptura
institucional.
Em política não podemos falar que não existe perigo de
ruptura institucional, porque a democracia no Brasil é
sólida e está consolidada. Em política cada jogo pode
derrubar o poder de um governante, cada passo pode
fazer com que o governo caia, como aconteceu nos
exemplos que eu citei acima e, como quase aconteceu
na Itália (onde aparentemente existe uma estabilidade
democrática) no período de 1966 ou em 1978.
Na época na Itália, houve o perígo de um golpe de
estado. Esse período na Itália é chamado época da
Estratégia da tensão.
Exemplos não faltam de jogos políticos errados que
causam abertura para mudança de governo. Assim para
paz das Mães, no dizer do escritor João Guimarães Rosa
em seus livros e textos, nós devemos tomar muito
cuidado, já que a América Latina é um continente, e o
Brasil um país onde a própria população gosta de
governos autoritários e não de democracia.
Por mais que muitos jornais queiram falar o contrário, o
perigo de uma mudança de governo existe sim desde
que não se trabalhe com todo o cuidado que se deve
trabalhar nesta área de política.
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Governo Deodoro
João Goulart
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