Home Música Noticias Literatura Contatto Serviços Pagina 8 Livros Outros...
Cronica e arte

CRONICA E ARTE  CNPJ nº 21.896.431/0001-58 NIRE: 35-8-1391912-5 email cronicaearte@cronicaearte.com.br Rua São João 869,  14882-010 Jaboticabal SP
A MORTE DA CANTORA MARILIA MENDONÇA Mentore Conti Mtb 0080415 SP // fotos internet reprodução Jaboticabal, 9 de novembro de 2021 Nestes últimos dias, mais precisamente, da sexta-feira a tarde, até esta segunda-feira à tarde, a imprensa transformou a tragédia da morte em um acidente aéreo, da artista e cantora, Marília Mendonça, numa exploração sem ética e que visava, ao menos é o que se entende de uma análise mais apurada, apenas agradar os seguidores da cantora, e ganhar com espaço publicitário no mínimo.  Claro que a cantora Marília Mendonça tinha o seu espaço na música sertaneja. Mas mesmo tendo seu espaço, não somos eu e você leitor, pessoas sem cultura como alguns repórteres que chegaram a falar que ela, como mulher, foi uma inovação na música sertaneja. Nesse ponto se fizéssemos isto estariamos esquecendo o trabalho de Inhana  da dupla Cascatinha e Inhana,  com sua carreira na década de 1942 a 1981, estaríamos esquecendo Inezita Barroso iniciou sua carreira em 1950, atuando até sua morte em 2015, estaríamos esquecendo também as cantoras Irmãs Galvão, que atuaram de 1947 a 2021 e que pararam a carreira artística por causa de um Alzheimer que acometeu Marilene, uma das irmãs. Devemos lembrar aqui também, uma artista que antecedeu a cantora Marilia Mendonça, ou seja, a sua amiga Roberta Miranda e a cantora Sula Miranda.  Mesmo assim a cantora Marília Mendonça tinha seu espaço, contudo uma coisa é noticiar a morte de uma cantora amada pelo público, e outra coisa é falar dela porque existe audiência. Afinal de contas, o que estamos vendo já ultrapassou os limites da ética, e as televisões e rádios parecem falar do acidente como se fosse um fato a explorar para gerar espaço publicitário.  É verdade que uma pessoa quando morre passa a ser alvo de elogios e nesse ponto lembremos Machado de Assis, quando no conto “O Empréstimo” narrando a morte de um cartorário, em determinado trecho do texto diz" está morto podemos elogiar à vontade". Se pararmos para refletir sobre as notícias da morte de Marilia Mendonça, vamos ver que fizeram até agora uma porção de elogios fáceis, sem sequer analisar profundamente a obra da cantora. Como se o apresentador estivesse de olho no número da sua audiência e mantivesse o assunto no ar porque a audiência está em um nível comercial muito bom. Será que este período de pandemia, criou em nossa imprensa uma insensibilidade pelo sofrimento?  Afinal de contas do modo como estão tratando assunto estão transformando a morte de uma jovem cantora, uma verdadeira tragédia, em um espetáculo comercial onde cada emissora ganha o seu quinhão. Talvez não seja de hoje e nem somente no Brasil, que a televisão tem este papel, de massificar a cultura e criar a partir da cultura um produto enlatado e de venda, ainda que se trate de uma tragédia com um artista. Na Itália da década de 1970 Pier Paolo Pasolini, (poeta, escritor e cineasta) falava que a massificação da cultura, e a transformação da cultura em um produto de venda era o que se Poderia chamar de neofascismo, (assim ele denominava, uma vez que o fascismo foi um regime político, criado a partir da mídia de seu tempo. O fascismo, para se incutir como ideologia dominante em vinte anos de poder, de 1921 a 1943, trabalhou com propaganda na mídia que tinha na época mural rádio cinema e teatro.  Ao analisarmos o que falava para Pasolini e verificarmos o que estão fazendo com a morte de Marília Mendonça, é lamentável ver a que ponto está chegando a mídia no Brasil, ou seja, a um ponto onde a massificação esquece por completo o ser humano.  Não há respeito ao luto, a dignidade e até a própria tragédia que abateu-se sobre a artista. A sua morte está sendo tratada como se fosse uma história em quadrinhos, um folhetim a ser vendido com espaço publicitário no meio.  Se nós relembrarmos outros artistas que faleceram, antes da Marília Mendonça, vamos ver que as famílias de muitos deles, dispensou até a presença do público em velório exatamente para que a mídia não tratasse a memória do falecido, como se fosse uma simples mercadoria, a ser vendida com textos e entrevistas, muitas vezes sem qualidade nenhuma. Não será estranho que em mais dois ou quatro dias a tragédia de Marília Mendonça, esteja esquecida e jogada em qualquer arquivo de emissoras de televisão rádio ou sites e os repórteres, apresentadores e jornalistas estejam a falar de uma tragédia mais recente. Este tipo de comportamento é lamentável, simplesmente lamentável. Expresso aqui meus sentimentos pela tragédia, mas a música que mais espelha esta questão dos elogios fáceis à Marilia Mendonça, é a música de Nelson Cavaquinho (1911-1986) (no YouTube cantada por Nelson Gonsalves) Quando Eu me Chamar Saudade. Clique aqui e ouça:  
continua depois do anúncio
Home Música Noticias Literatura Contatto Serviços Pagina 8 Livros Outros...
Cronica e arte