Cronica e arte
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A CRISE POLÍTICA DE HOJE E O BRASIL DE SEMPRE
Jaboticabal, 19 de junho de 2020
Estamos vendo
atualmente depois de
um ano e meio do
governo de Jair
Bolsonaro, que
rompeu com a linha
dita de esquerda, que
vigorava desde a
posse de Fernando
Henrique Cardoso,
uma crise que parece descomunal. Muitos tentam
imputar ao atual presidente e aos seus apoiadores, uma
linha de fascismo.
Já os apoiadores de Jair Bolsonaro imputam ao governo
que saiu e a todos os governos que o antecederam
desde FHC, uma linha socialista (nos moldes da criação
do marxismo desde o final do século 19 na Europa).
Na realidade antes de definir o atual governo como o
governo de direita e o governo anterior como o governo
de esquerda, é necessário voltarmos aos estudos dos
sociólogos brasileiros, dos quais nesse artigo, vou me
referir a três que eu tenho como os que mais chegaram
próximo de explicar, a organização política brasileira
atual e de outros períodos.
Falo aqui de Gilberto Freyre e seu livro Casa Grande e
Senzala, Sérgio Buarque de Holanda e seu livro Raízes
do Brasil e ainda Darcy Ribeiro em Sua obra O povo
brasileiro. Para tentar entender o atual momento do país
e outros momentos da sua história é fundamental a
leitura destes autores, ainda que depois se analise a
situação com outros autores também existentes.
Na realidade ao lermos Casa-Grande e Senzala vamos
perceber que o
governo de Jair
Bolsonaro, não se
assemelha nem um
pouco ao fascismo
italiano, ou Nacional
socialismo (Nazismo)
alemão. Na realidade
o governo Jair
Bolsonaro. Assim
como tantos outros governos federais que já passaram,
estaduais e municipais que ainda estão aí, repete-se a
forma de governo criada no Brasil Colônia, desde os
primeiros capitães-donatários que tivemos.
Neste ponto Gilberto Freyre nos explica que o poder
político no país, na colônia de então do século 16, era
uma extensão do Poder da casa grande.
O capitão donatário, O Fazendeiro que Detinham o
comando nas grandes lavouras que foram implantadas
aqui, durante a colônia, criaram um patriarcado e as
câmaras municipais, que representavam um poder real
da Metrópole, eram dominadas por esses senhores
proprietários como se uma extensão da casa deles fosse
(da Casa Grande).
. Em seu trabalho Gilberto Freyre nos escreve que: “Vivo
e absorvente órgão da formação social brasileira a
família colonial reuniu, sobre a base econômica da
riqueza agrícola e do trabalho escravo, uma variedade de
funções sociais e econômicas. Inclusive como já
insinuamos a do mando político: o oligarquismo ou
nepotismo que aqui Madrugou, chocando-se ainda em
meados do século 16, com o clericalismo dos Padres da
companhia (Companhia de Jesus –Jesuítas).
Gilberto Freire cita ainda que desses senhores que se
tornaram grandes
proprietários no país,
então uma colônia
de Portugal, não
tinham um amor
pela terra nem
mesmo pela sua
cultura.
Ao compararmos
então o atual
governo Jair
Bolsonaro e o seu
apego à proteção
dos seus filhos, de modo exagerado e a ânsia de colocá-
los em cargos de comando ou coisa similar, vamos ver, a
repetição do que era o poder no Brasil colonial desde o
início do descobrimento e não a formação de um
governo fascista ou nazista que seja.
Na realidade não é apenas Jair Bolsonaro que age desta
forma, vimos também na época do Governo Lula, como
aquele presidente ajudou a sua família, seus filhos,
colocando-os no meio da administração pública, direta
ou indiretamente. O mesmo ocorreu com José Sarney,
no âmbito Federal e ocorre ainda com a família Sarney
no estado do Maranhão.
Mas não é só no Nordeste e no norte do país que isso
acontece, no sudeste também, vemos prefeitos e mais
prefeitos agirem com nepotismo e criando muitas vezes
uma oligarquia.
Por mais que muitos políticos e jornalistas e analistas
políticos gritem pela
necessidade de
democracia, e que a
democracia é um
valor a ser
preservado no país,
temos que lembrar
nesse ponto o
sociólogo Sérgio
Buarque de Holanda quem Raízes do Brasil.
Este autor cita textualmente que apesar do brasileiro
falar em democracia ele busca sempre criar um poder
personalista contra outro poder Personalista.
Este autor nos ensina que É frequente imaginarmos os
princípios Democráticos e liberais, em realidade lutamos
por um personalismo contra outro.
Quanto a briga que vemos atualmente entre grupos que
acusam Bolsonaro de fascista e grupos bolsonaristas que
acusam a oposição de comunista, Sérgio Buarque de
Holanda nos explica que o fascismo no Brasil mesmo
quando institucionalizado pelo integralismo, gerou um
movimento que cujos temas, se tornaram no Brasil
pobres Lamentações de intelectuais neurastênicos.
Ocorreu com eles coisa semelhante do que aconteceu
com comunismo no país.
No Brasil segundo Sérgio Buarque de Holanda o
comunismo está mais próximo e uma mentalidade
anarquista do que a disciplina rígida de Moscou
(referindo-se então ao poder comunista instituído na
época em que escreveu).
Como descrevi em outros artigos o brasileiro não se
agarra a legislação, agindo de improviso, alheio ao que
prega a regra oficial.
Darcy Ribeiro nesta linha, nos ensina que o brasileiro
vivendo na colônia, numa realidade diferente a da
Metrópole portuguesa, era obrigado a buscar soluções
próprias, ajustadas a sua natureza e agindo longe das
vontades oficiais, a ação do Colono assim desenvolveu-
se quase sempre improvisamente ao sabor das
circunstâncias.
Colocada estas linhas destes sociólogos brasileiros,
vemos claramente como na realidade a crise em que nos
encontramos hoje, continua como já tinha falado acima,
sendo um reflexo da nossa formação, lá no início da
colonização.
Mesmo o Supremo Tribunal Federal na votação de
ontem sobre a FakeNews, teve um único voto dentro do
que determinam as leis brasileiras, ou seja, o voto do
Ministro Marco Aurélio de Mello que disse com acerto,
que o inquérito das fake News não está dentro da
tradição jurídica brasileira e da lei brasileira.
Os demais ministros agiram como disse Darcy Ribeiro,
criando um improviso
para justificar um ato do
presidente daquela corte,
que determinou a
abertura de um inquérito,
sem a participação do
Ministério Público, como
determina a legislação
vigente.
Não estamos aqui a julgar se o Supremo Tribunal
Federal, agiu certo ou errado mas apenas a constatar
que mais uma vez, repetiu-se na decisão do Supremo
Tribunal Federal os princípios que sempre nortearam o
povo brasileiro como bem explica o sociólogo Darcy
Ribeiro.
No caso do fenômeno da rachadinha, costume do
subordinado, em um gabinete político, de devolver parte
da verba a quem o nomeou, vamos ver que este fato
corriqueiro no Brasil e não apenas praticado por políticos
do Rio de Janeiro, inclusive ao que tudo indica, Flávio
Bolsonaro, é mais uma vez a repetição do poder pessoal
e que se colocava acima do interesse público, instaurado
no Brasil Colônia.
Esta forma de domínio que se repetiu no Brasil Império,
não foi erradicado no Brasil atual, como vamos entender
ao ler em toda obra de Gilberto Freyre.
Na questão dos jagunços ligados a políticos, jagunços
estes hoje chamados de milicianos, vamos a volta do
poder que existia até a Revolução de 30, quando Getúlio
Vargas combateu o jagunço usando da Polícia Militar que
ele criou na época.
Essa questão abordarei de maneira mais minuciosa em
um próximo artigo quando será necessário analisar
inclusive obras literárias, como Grande Sertão Veredas
de João Guimarães Rosa, alguns romances de Graciliano
Ramos além obras de sociólogos que falam sobre o
assunto.
*Mentore Conti além de Jornalista é advogado e
professor de Historia
fotos: facebook do autor e EBC e
dominio público
Mentore Conti Mtb 0080415
SP
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