Cronica e arte
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AS MILÍCIAS NO BRASIL
Jaboticabal, 20 de agosto de 2020
Nestes últimos meses estamos
acompanhando as notícias do
Ministério Público do Rio de
Janeiro, que investiga Fabrício
Queiroz, assessor de Flávio
Bolsonaro na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro,
quando Flávio Bolsonaro era
deputado estadual naquele estado.
Entre as acusações, estão a
proximidade de Queiroz com
grupos de Milícias e as
“rachadinhas” de salário de
funcionários do gabinete do então
deputado Flavio Bolsonaro, onde trabalhava Queiroz.
Neste artigo vamos falar sobre as milícias.
Depois dessa investigação muito se fala em Milícias e
como as milícias têm atuado no Rio de Janeiro,
vendendo proteção para comerciantes de determinadas
áreas daquele estado, ou mesmo para, empresários que
desejam uma segurança maior para o seu
empreendimento, na sua residência ou seu cotidiano.
Estes empresários e
comerciantes, ao
invés de contratarem
uma empresa de
segurança legalizada,
contratam pessoas
que viram guarda-
costas seus.
Na última sexta-feira
dia 14, vimos,
constatamos, que
não apenas empresários contratam milicianos. Três
mulheres foram presas em Embu das Artes, São Paulo
por quê contrataram criminosos para que eles
executassem o marido de uma delas, que não queria
pagar pensão alimentícia, nos moldes que sua ex-
mulher queria.
Para atrair a milícia ela disse que ele teria mexido com o
filho dela.
Nesta segunda-feira dia 17 de agosto, a polícia civil de
Dumont encontrou o corpo de Ezequiel Loiola dos
Santos, vítima de criminosos que se reuniram para
executá-lo, porque ele seria suspeito de ter molestado
sua própria filha, menor de idade.
Estes assassinatos, como o de Embu das Artes em São
Paulo, ou em Dumont, por quadrilhas (que a imprensa
denominou de tribunal do crime, muitas vezes ligadas à
facções como PCC SP,
ou Comando
Vermelho RJ), e as
milícias que cometem
o mesmo tipo de
barbaridade além de
outros crimes, são na
realidade, variantes
de uma prática, quee
no Brasil foi conhecida
durante muitos anos até o governo Getúlio Vargas, como
jagunços.
Os jagunços estavam a serviço de proprietários rurais
geralmente, para defender esses proprietários contra
adversários políticos, desafetos e inimigos, e eram
recrutados entre os pistoleiros que vagavam em várias
cidades do país.
No sudeste este tipo de criminoso, foi chamado jagunço,
principalmente em Minas Gerais e no nordeste eram
chamados cangaceiros.
Este tipo de malfeitores existiu inclusive aqui na região,
como o Camisa de Couro que vira e mexe estava em
Jaboticabal, o mesmo Dioguinho que além de pistoleiro
e jagunço era oficial de justiça e agrimensor.
Dioguinho praticou crimes no interior do Estado de São
Paulo e que foi morto às margens do Rio Mogi Guaçu em
um tiroteio com um grupo de
policiais que o perseguiam.
Ao lermos a obra de João
Guimarães Rosa, verificamos
a conivência entre a
sociedade de então e esses
jagunços e cangaceiros. No
livro Grande Sertão Veredas,
o personagem Riobaldo, um
jagunço que narra a história,
define sertão como um local
onde o criminoso vive seu
Cristo-Jesus arredado do
Arrocho de autoridade. O
escritor conclui: o sertão está
em toda parte.
Com esta definição literária o autor nos ensina como
Aquela violência do final do século XIX e começo do
século XX, no Brasil, sempre esteve em toda parte.
Se nós compararmos com a violência de hoje nós
veremos que o costume, o mau costume, dessa
conivência entre milícias e parte da nossa sociedade,
como já citei acima, não é outra coisa senão a figura do
jagunço, modernizado e agora com outro nome.
Parte da sociedade não só tolera a criminalidade ou
jagunço, miliciano que seja, como também deseja a
assistência desse tipo de criminoso, no seu dia-a-dia
para sua proteção.
Como na época, a quadrilha de
jagunços acaba recrutando alguns
policiais, policiais estes que não honram
o seu uniforme e a sua obrigação legal.
Quando um prefeito acaba querendo
usar indevidamente a guarda civil
municipal, como sua guarda pessoal,
criada a partir dos anos 90, ele não
está sendo nada mais nada menos do
que um senhor de jagunços, já que
desvirtuam a lei para ter a seu favor um grupo armado
particular.
A polícia no Brasil deve estar sempre muito atenta pois
graças a esse mau costume que parte da população
brasileira têm, não é difícil que vários integrantes seus
sejam cooptados para integrarem Milícias, na realidade o
fenômeno não é novo como vimos, mas deve ser
erradicado em nossa sociedade.
A erradicação deste tipo de conivência entre crime e
parte da sociedade é dificílimo, existindo também em
outros países, com algumas diferenças peculiares.
Na Itália por exemplo existem quatro máfias, (a
'Ndrangheta, a Camorra, a Cosa Nostra e a Sacra
Corona Unita), mas a diferença é que elas agem na
sombra, de modo violento
também, mas o mais possível às
escondidas. O jagunço ou
miliciano no Brasil, se expõe mais
por que faz parte das milícias, dos
jagunços, o mostrar poder na
região que atuam.
Mostrar a violência para-militar para adquirir de
prestígio e poder, como na época da velha República
(1899-1930), é muitas vezes, o lado que mais interessa
(igual à um grupo terrorista).
No Brasil este fenômeno não é exclusividade de
caudilhos ou da Direita, ou seja, nem mesmo a esquerda
deixa de criar grupos de jagunços. No país, muitos
grupos de sem terras, depois de ser formado nos anos
80, passaram a ser o braço armado de partidos de
esquerda, muitos destes grupos incluíam até mesmo,
campos de Treinamento.
Para terminar esse tipo de violência é necessário todo
um trabalho educacional uma recolocação da matéria
educação moral e Cívica, nas escolas e um trabalho
educacional com o qual a população deixe de fazer
glamourização deste tipo de criminoso.
Não é raro nós ouvirmos na televisão erroneamente
referências aos criminosos que matam desafetos,
chamados de tribunais do crime. Tribunal é a instituição
utilizada por um estado constitucional para julgamento
de processos legais.
Portanto não há tribunal do crime o que existe é uma
súcia de malfeitores, matando para quadrilhas ou a
pedido de indivíduos de parte da população a matar
desafetos. A imprensa muitas vezes se refere ao local de
uma quadrilha, como quartel general da quadrilha,
quando na realidade quartel-general ou quartel é
utilizado apenas para forças legais.
O criminoso tem covil, o bando tem covil, local onde
eles se reúnem para tramar crimes. A imprensa muitas
vezes quando um traficante é preso porque ele chefia
um grupo criminoso, uma quadrilha, denomina este
preso de gerente do tráfico de drogas. Gerente é
utilizado para empresas, lojas, instituições organizadas
de modo legal.
Quem comanda uma quadrilha é um quadrilheiro, se é
uma quadrilha que pratica tráfico de drogas é um
traficante, se é uma quadrilha que rouba é um ladrão,
não passando disto e deste modo devendo ser chamado.
Assim ou nós começamos a mudar a mentalidade de
parte da população que é conivente com este problema,
ou continuaremos no sertão, que como escreveu
Guimaraes Rosa, que está por toda parte, com seus
jagunços e criminosos, e hoje se infiltrando em vários
partidos de várias ideologias e chegando, muitas vezes,
muito próximo ao poder, como vimos no Rio de Janeiro.
fotos: facebook do autor e EBC e
dominio público
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