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O ORÇAMENTO DE 2025 NO BRASIL A REVOLUÇÃO
INGLESA E O RETROCESSO BRASILEIRO: O FIM DO
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ORÇAMENTÁRIA
Revogação deste princípio pode abrir as portas para um
autoritarismo
Um artigo de Mentore Conti Mtb 0080415 SP fotos Agencia
Brasil
Jaboticabal, 11 de outubro de 2025
O Congresso Nacional
revogou, em 2025, o
princípio da anterioridade
orçamentária — um dos
pilares históricos da
responsabilidade fiscal e
do controle democrático
sobre os gastos públicos.
Este fato ocorreu, porque o orçamento deste ano fiscal de
2025, foi aprovado somente em dez de abril deste ano
(Pela lei nº 15.121, de 10 de abril de 2025 qje estima a
receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro
de 2025).
A medida, vista por especialistas como um retrocesso
institucional, rompe com uma tradição que remonta à
Revolução Inglesa do século XVII, quando o Parlamento
britânico conquistou o direito de aprovar previamente as
despesas e receitas do Estado.Análise histórica e crítica
O princípio da anterioridade orçamentária nasceu na
Inglaterra, em um contexto de disputa entre o absolutismo
monárquico e o avanço do poder parlamentar. Durante o
século XVII, o Parlamento inglês travou uma longa batalha
contra os reis da dinastia Stuart, que insistiam em arrecadar
impostos e realizar despesas sem autorização legislativa.
A vitória parlamentar consolidou-se com a Revolução
Gloriosa (1688) e a promulgação do Bill of Rights, em 1689,
que determinou que nenhum tributo poderia ser criado ou
cobrado sem o consentimento prévio do Parlamento. A partir
desse marco, o controle orçamentário tornou-se uma
expressão concreta do princípio democrático de que o poder
emana do povo — e o dinheiro público deve ser gasto
apenas com sua autorização.Com o tempo, a anterioridade
transformou-se em um mecanismo universal de
transparência fiscal. Ela garante que o orçamento seja
discutido, aprovado e sancionado antes do início do
exercício financeiro,
permitindo ao Estado planejar suas ações e à sociedade
acompanhar o uso dos recursos públicos. Esse modelo
inspirou as constituições modernas, inclusive a brasileira,
que, desde 1988, adotou o princípio da anterioridade como
regra para a aprovação da Lei Orçamentária Anual
(LOA).No entanto, em 2025, o Brasil rompeu com essa
tradição. A revogação do princípio da anterioridade
orçamentária, aprovada em meio a um debate político
turbulento, significou um passo atrás na consolidação das
garantias democráticas.
O argumento governamental de que a medida permitiria
maior 'flexibilidade administrativa' acabou enfraquecendo a
previsibilidade e o controle do gasto público. Sem a
obrigação de aprovação prévia, o Executivo passou a
executar despesas
provisoriamente,
amparado apenas
em projetos
orçamentários
ainda não votados
— prática que
reabre brechas
para o
desequilíbrio fiscal
e para decisões
orçamentárias concentradas no Poder Executivo.Esse
retrocesso é mais do que técnico: é simbólico. Ele retira do
Legislativo sua função mais antiga e essencial — autorizar o
uso do dinheiro público — e reduz a participação social no
processo orçamentário.
Historicamente, o princípio da anterioridade foi criado
justamente para impedir o arbítrio do governante e garantir
que nenhuma despesa fosse realizada sem autorização
popular. Ao relativizar esse controle, o Brasil de 2025 se
distancia das conquistas democráticas que a Inglaterra
firmou há mais de trezentos anos.Em um momento em que
a transparência fiscal é exigência global, a revogação desse
princípio projeta uma sombra sobre a governança pública
brasileira. O risco é que o país volte a um modelo em que o
orçamento se torne mera formalidade, e não instrumento de
planejamento, controle e responsabilidade. A anterioridade
não é apenas uma formalidade técnica, mas um símbolo de
civilização política — o mesmo que, na Inglaterra, marcou a
vitória do Parlamento sobre o absolutismo. Ignorar essa
herança é, em certo sentido, reabrir as portas para o
autoritarismo financeiro e o enfraquecimento da democracia
representativa.
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