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CORTE ABRUPTO DA LUCIDEZ
Queria perder minha vívida memória
Esquecer minha contraditória história
Lamber minhas feridas sem saber
Viver na penumbra sem me rever.
Não gostaria de viver sempre sabendo
Seria um ser sem luz sem lamento
Uma vida sem vida no liberto lume
Talvez o ideal para se chegar ao cume.
A loucura tem sua beleza cheia de sonho
A inércia mental me aliviaria do estranho
A atribulação já não seria mais o caminho
Seria terceirizado meu dito desalinho.
Daí por diante ficaria realmente invisível
Confortável no momento imprevisível
Dane-se o entorno o compromisso
Seria mais um humano omisso.
Pensar e viver não é mais tarefa fácil
Ter que explicar tudo da individualidade
Expressar o que sinto de verdade
Já não me sinto mais à vontade.
Cada vez mais complexo o mundo
Mais ininteligível sobre o profundo
Erro crasso querer criar e contribuir
Fala vazia perdida no intenso devir.
Acho que é chegado o momento
De dizer adeus à pretensa lucidez
E logo será dos outros meu tormento
E ademais desaparecerá minha vez.
Descansarei do objetivo da existência
Deitarei na mente da minha demência
Estarei no céu junto com outro louco
E nunca mais me chamarão de mouco.
Nei Mendonça
fotos
e imagens: Nei Mendonca
e Foto Aline Araja e Imustbedrad in
pexels
No final da página,
Biografia do poeta
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